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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Vida de concurseiro II

Depois de passar no primeiro concurso, a gente fica infectado pelo "vírus concurseiro". E não para mais. Quer sempre aquele outro cargo, que paga mais um pouco, ou tem mais status...
E por isso, depois de lermos os editais, percebemos que temos que conhecer a Constituição (inteira, mais todas as Emendas e o ADCT), as mais variadas leis, os Regimentos Internos, as Súmulas e a jurisprudência...
E as matérias? Direito Constitucional, Direito Administrativo, Direito Tributário, Direito Civil, Direito Penal, Direito Trabalhista, Direito Previdenciário, Direito Ambiental, Português, Inglês, Espanhol, Raciocínio Lógico, Informática, Atualidades, Geografia, História, Auditoria, Contabilidade, Administração, Psicologia, Matemática Financeira, Engenharia Civil, Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica... Ufa!
Chega o grande dia, vem a viagem, o hotel, as provas. Sai o gabarito prévio das provas objetivas, abre-se o prazo para os recursos, vem o gabarito definitivo, a correção das provas discursivas, o prazo para os outros recursos, e o resultado final. Se ninguém entrar na Justiça porque ficou inconformado, sai a tão esperada lista dos aprovados. Segue-se um período terrível de ansiedade, aguardando a nomeação. Se o seu nome não está lá, bem, leia o que se passa no post Vida de Concurseiro I, aqui.
Depois de ver o nome no Diário Oficial, tem que apresentar certidões negativas dos foros cíveis e criminais das justiças federal e estaduais de onde morou nos últimos cinco anos, justiças militares federal e estaduais de onde morou nos últimos cinco anos (para quê, se eu nunca fui militar?), antecedentes criminais das polícias civil e federal, e certidão de que nunca respondeu e foi punido em processo administrativo disciplinar. Todas as certidões não podem ter mais do que seis meses de expedição. E ter registro no respectivo conselho de classe da sua área de formação, além de, obviamente, esta em dia com a anuidade. E estar quite com suas obrigações eleitorais. E cópia da declaração do imposto de renda, de todos os seus documentos pessoais, dos diplomas do segundo grau, da graduação, da pós-graudação, do mestrado e do doutorado... Ufa, ufa!!
E tem mais: exames de sangue (completíssimo, incluindo todas aquelas doenças das quais você só ouviu falar em livros de medicina), de fezes, de urina, sorológico, toxicológico, odontológico, oftalmológico, audiométrico, urológico, gastroenterológico, chapa do pulmão, exame psicotécnico, laudo psicológico, laudo psiquiátrico, eletrocardiograma, eletroencefalograma, fazer exame clínico, teste de aptidão física digno de atleta olímpico, entrevista... Ufa, ufa e mais ufa!!!
E ainda tem o curso de formação (geralmente eliminatório) e o estágio probatório de três anos. Argh!!!!
Enfim, um super-dotado, super-homem e exemplo de retidão de caráter, moral ilibada e ética acima de qualquer suspeita para ser um servidor público. E ganhar um salário, muitas vezes, por volta de R$ 1.500,00 a R$ 2.000,00. E ficar sem correção salarial por anos a fio, vendo a inflação devorar seus rendimentos. E ter que aguentar chefes indicados por políticos, ambos sem qualquer qualificação técnica.
E trabalhar, às vezes, muito mais do que as quarenta horas por semana estipuladas na Constituição, à noite, aos sábados, domingos e feriados, e sem receber horas extras (no máximo, elas vão para o banco de horas, quando implantado). Se precisar viajar, terá que ser sem diária, pois nunca tem verba. O computador é lento, o veículo é velho e está sem manutenção há meses, não há material de escritório, nem de limpeza, a mesa está com o pé quebrado. E ainda por cima será chamado de marajá, de vagabundo, de mal-educado...
E para os cargos eletivos? Às vezes, nem precisa saber ler e escrever direito... Basta ter dinheiro para a campanha. E são eles, os eleitos, que vão fazer as leis, ou vão mandar nos servidores... E vão preencher os cargos comissionados com seus cabos eleitorais, já pensando nas próximas eleições.
Não sei, não... Parece que tem alguma coisa errada nesta história...

O Tesouro e os concursos

Na Folha:
02/08/2010 - 04h00
Tesouro arrecada R$ 75 mi com concursos em 5 meses
DE SÃO PAULO
As taxas de inscrição para concursos públicos viraram fonte de receita para União, Estados e municípios. De janeiro a maio deste ano, só o Tesouro Nacional recebeu R$ 75,6 milhões provenientes da cobrança das taxas, informa reportagem de Elvira Lobato, publicada nesta segunda-feira pela Folha (a íntegra da matéria estava disponível apenas para assinantes do jornal e do UOL, o que não é meu caso).
A última seleção para agentes da Polícia Rodoviária Federal, que está suspensa para a apuração de suspeita de fraude, rendeu ao Tesouro R$ 1,7 milhão de lucro, diz a Fundação Funrio, que aplicou as provas.
Já no exame de seleção do Corpo de Bombeiros do Rio, para 5.000 vagas, R$ 2,7 milhões dos R$ 6,8 milhões arrecadados com as taxas voltaram para o caixa da corporação. O concurso atraiu ao todo 162 mil candidatos.
A primeira exigência dos órgãos públicos ao abrir concursos é não ter despesa com os exames de seleção. Assim, a estimativa de gastos é jogada na taxa. Muitas vezes, o total de inscritos supera a previsão.

O original do texto transcrito acima está aqui.

E pensar que esse dinheiro todo foi arrecadado em apenas 5 meses. Quanto mais será arrecadado ao longo desse ano de 2010?
No post seguinte, vai uma reflexão sobre essa vida de concurseiro.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Vida de concurseiro I

A partir de uma certa idade, normalmente na casa dos quarenta, o ser humano começa a fazer questionamentos sobre a vida, suas escolhas, seus erros e acertos, sua maneira de ver o mundo...
Para o concurseiro, tais questões são:
1. Quem sou eu?
- Sou alguém que vive em função dos editais, dos livros, das apostilas e da jurisprudência do Supremo, claro.
2. O que faço aqui?
- Estudo. Se possível, até no chuveiro.
3. Qual o sentido da vida?
- Sei lá! Isso está no conteúdo programático? Se não estiver, só vou me preocupar com isso depois. Bem depois. Agora não dá!
4. Para que serve tudo isso?
- Para passar no concurso, claro!
5. De onde vim?
- De um emprego sem perspectiva, sem estabilidade, com salário abaixo do que eu penso que mereço.
6. Para onde vou?
- Para um emprego melhor, pelo menos por enquanto. Estou de olho naquele edital que deve sair no ano que vem...

Vivemos em função do concurso, seja ele qual for. Mais especificamente, da data da prova. Não fazemos outra coisa senão pensar na prova, em atualizar o material de estudo, em discutir aquela questão nebulosa, em fazer exercícios...
A vida torna-se regrada, com horário de trabalho, volta para casa, banho, lanche, rápido descanso, e estudo. No final de semana, estudo em três períodos.
Os diálogos abaixo são bem conhecidos:
- Cara, vem aí um final de semana prolongado. Vamos fazer um churrasco?
- Nem pensar. Vou aproveitar para ler aquele livro novo de Direito Constitucional que comprei.
Ou então:
- Você não vai levar o cachorro para passear? Faz horas que ele está lá, perto do portão, olhando para a rua e para a guia pendurada na área...
- Só depois da prova.
Tudo fica para depois da prova. E se não passar? Bem, mais uma vez adia-se tudo para depois da próxima prova, porque a carga de estudo tem que aumentar.
- O edital deve sair no mês quem vem. Vou parar tudo para estudar.
- Mas já não tinha parado tudo antes? Quanto tempo faz que não vamos tomar um chope? Ou ao cinema?
E assim a vida passa, e tudo fica para depois. Vivemos outra realidade. Vida de concurseiro é assim.
Culpa de quem? Nossa, do sistema, da vida, do mercado de trabalho...
- Para de filosofar, bobão! Chega de pensar besteira. Olha aí a quantidade de matéria que ainda tem para revisar. A prova está chegando!
Vida de concurseiro é dura!