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sábado, 28 de maio de 2011

Retorno ao lar, uma reflexão

Depois de uma marginal congestionada, oito e meia longas horas dentro de um ônibus, vários cochilos e muitas paradas, finalmente cheguei de volta ao lar.
Estava, claro, com saudades das minhas meninas.
Mas durante a viagem, feita parte à tarde e parte à noite, vi algo que não vemos nas cidades, por conta da iluminação: uma enorme quantidade de estrelas.
Fazia bastante tempo que não via aquela mancha esbranquiçada, característica do nosso braço da Via Láctea. Aliás, sabia que esta é a origem do nome que demos à nossa galáxia?
Passei um bom tempo olhando aqueles milhões de estrelas, que estão lá a nos lembrar da nossa pequenez diante do universo, forçando-nos a parar e a refletir.
Tinha acabado de sair da maior metrópole do país, um aglomerado de milhões de pessoas que convivem, fisicamente, naquele espaço. Mas que estão, ao mesmo tempo, separados na sua individualidade, nos seus sonhos, nos seus problemas, nas suas alegrias. O paradoxo: juntos, mas separados.
Saem de suas casas e fazem verdadeiras viagens para poder trabalhar e ganhar seu sustento. Grande parte sai e volta sem a luz do dia, que vai encontrá-los e acompanhá-los durante a jornada, mas não em casa.
O ritmo dessa vida (se é que se pode chamar de vida esse suceder de viagens), alucinante, sufocante, os impede de olharem-se, para que possam ver seus rostos, com olhar fixo num horizonte indefinível e inalcançável, olhos mortiços, olhares perdidos.
Só Deus sabe o que se passa atrás daquelas janelas de suas almas, trancafiadas em veículos de aço ou de carne. Que sonhos sufocados, que emoções embaralhadas se escondem sob as colunas de fumaça?
Ao mesmo tempo em que estamos todos juntos, também estamos sós, olhando as estrelas, quer possamos vê-las, ou não.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Máquina de fazer doido

Viagem a trabalho de uma semana a São Paulo. Cheguei na segunda, junto com o sol nascente, e fico até amanhã à tarde.
Estou num hotel estilo "muquifinho", próximo da sede da autarquia. Ácaros por todos os lados, e um colchão um tanto quanto desconfortável. Comodidade da distância, sacrificando um pouco o conforto. É a famosa expressão "em compensação", aplicada na prática.
A conexão da internet no quarto é instável. O sinal varia muito, dificultando o acesso.
Agora, por exemplo, consegui sinal ao lado da porta. Estou sentado num banquinho, com o notebook equilibrado nas pernas...
O hotel fica numa das ruas mais movimentadas da cidade, e os barulhos se sucedem numa verdadeira salada sonora: serras e furadeiras numa construção próxima; helicópteros vindos de todos os lados; carros, ônibus, caminhões e motos durante todo o dia, e também à noite, com suas respectivas buzinas e seus freios; tosses, espirros, gritos e conversas no hotel e fora dele; sirenes da polícia e das ambulâncias.
Tudo isso aliado à poluição, essa entidade nada etérea, à qual não estou acostumado.
Resultado: noites mal dormidas.
Quem mora por aqui, e convive com essa realidade, adora. Tem gente que não troca Sampa por nada...
Mas eu ainda penso que essa megalópole é uma verdadeira máquina de fazer doidos.

sábado, 5 de março de 2011

Pausa para descanso

Tirei uns dias para descansar, e fiquei propositalmente longe do computador e da internet. Resultado: dezenas de e-mails não lidos, acumulados nas caixas-postais.
Como se diz no Nordeste, o "perrengue" foi enfrentar a estrada debaixo de chuva. Felizmente, tudo correu bem, tanto na ida, quanto na volta. Só vi um caminhão com o "focinho" num barranco, mas não houve vítimas.
Infelizmente, a chuva não deu trégua. Fazia tempo que não via tanta água cair dos céus.
Não pude jogar tênis, saí pouco, mas pude curtir uns dias com meu pai.
E também aproveitei para rever alguns amigos da juventude, com direito a várias cervejas, pois ninguém é de ferro.
Agora, vamos embalar esse tal carnaval com muito rock'n'roll.
Ah! Já ia me esquecendo: folião é o cacete!

sábado, 18 de dezembro de 2010

Notas sobre uma cidade grande 8

Em toda cidade grande há muitos bares “transados”, cheios de firulas, decorados pelos arquitetos "da moda", com aquele visual moderninho/clássico/antigo, cheios de peças envelhecidas, com muita madeira de demolição, pinturas em pátina e coisas do gênero.
Até aí, tudo bem. O problema são os preços. Aqui no interior ainda se pede uma Original entre R$ 4,50 e R$ 5,00. Em Sampa ela fica entre R$ 7,00 e R$ 8,00, às vezes até mais. Isso quando não se cobra, por uma latinha ou uma long-neck, o preço de uma cerveja grande.
A porção de batatas fritas é quase proibitiva. Pelo preço, compra-se quase um saco de batatas. Nem falo sobre outras porções, pois quase se cai da cadeira quando se vê o cardápio.
A causa disso? Gostaria de saber... Será que a conta da decoração ainda vai vencer?

Com este post, encerro esta série de impressões sobre a "cidade grande". Como o tema é fascinante, devo voltar a ele em breve.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Notas sobre uma cidade grande 7, ou o formigueiro humano

Um formigueiro humano. Esta é uma boa imagem da São Paulo atual. Uns vão, outros vêm. Estão dentro dos ônibus, carros, carrinhos e carrões, trens, motos, e caminhões de todos os tamanhos. Por baixo vai o metrô, por cima, os helicópteros e aviões. Para onde irão todos?
As academias estão cheias a qualquer hora. Estariam todos interessados somente na saúde? Ou há também o interesse na aparência e na azaração? A resposta todos sabemos...
À noite, muitos escritórios nos prédios continuam acesos, mesmo depois do que seria a hora do encerramento do expediente. O acontece ali? Daqui de baixo não se consegue ver. Seria trabalho? A equipe da limpeza? Festas? Sexo?
A fauna urbana é realmente muito rica. Roupas de todos os tipos e tamanhos, e cabelos de variados comprimentos e cores. Os brincos são de formas inusitadas, os piercings aparecem em locais cada vez mais esquisitos, e as tatuagens deixaram de ser um diferencial.
O grande choque para quem é do interior, e foi criado num sistema mais rígido de padrões morais e religiosos, e não está assim tão preparado psicologicamente, é a diversidade das relações afetivas. Não quero fazer juízos de valor, e nem cercear a liberdade de pensamento/crença/orientação sexual das pessoas, mas ainda é um pouco chocante ver logo ali, ao vivo, do seu lado, manifestações abertas e liberais homem-homem, mulher-mulher, e indefinido-indefinido.
Atitudes não se discutem. Ou são altamente discutíveis, sei lá...

sábado, 4 de dezembro de 2010

Notas sobre uma cidade grande 6, ou os muitos falares

Sendo Sampa do tamanho que é, é natural que pessoas de todas as partes do mundo venham para cá, sentindo-se atraídas pelas oportunidades. Só não sei se elas existem para todos...
Como resultado, uma réplica da Babel citada na Bíblia, com seus muitos falares. Em cada esquina se ouvem várias gírias, diversos sotaques, e até mesmo línguas diferentes. Como todos se entendem? Ou não se entendem? Será que apenas fingem conversar, mais preocupados com suas próprias vidas?
As pessoas falam sozinhas nas ruas. Não importam o sexo, a idade ou a classe social. A quantidade é impressionante. Basta prestar um pouco de atenção. Seria reflexo do estresse? Seria falta de companhia ou de um interlocutor?
Já vi verdadeiras guerras verbais no metrô, por conta do futebol. Na plataforma de embarque, do lado de cá, torcedores do time A. De repente, do lado de lá, aparecem torcedores do time B. Todos, claro, devidamente uniformizados, e facilmente identificáveis. Começam então os risos e as provocações, com gritos de guerra, músicas, gestos obscenos, chacotas e afins. Daí para a barbárie é, literalmente, um pulo. Enfim, um ritual macabro que tem tudo para dar errado. E, às vezes, dá.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Notas sobre uma cidade grande 5, ou a lenta rapidez

Em certas regiões de Sampa o trânsito pode estar muito rápido, enquanto em outras ele está muito lento, ou mesmo parado. Um vacilo, e o acidente está ali, do seu lado.
Presenciei um deles, ao vivo e em cores.
Próximo das 9 horas, estou de lado para a cena que se desenrolará em instantes.
Nem dá tempo de puxar conversa com meus companheiros de trabalho, e ouço os dois barulhos assustadores, em sequência.
Um cruzamento, com via preferencial de duas mãos, em subida, e a outra rua mais plana, com o seu respectivo "pare".
Na preferencial, um Astra preto sobe a rua, um pouco acima da velocidade permitida. O táxi, um Siena prata, vem e não respeita o "pare", e bate em cheio no para-lama dianteiro esquerdo do Astra, que se desgoverna, sai em diagonal, passa ao lado de um poste e acerta uma floreira.
A frente do Siena está seriamente avariada. Farol e grade quebrados, o capô está amassado, o radiador está furado e toda aquela água enferrujada escorre pelo asfalto.
Várias pessoas correm para o Astra, que está sobre a floreira, com o pneu dianteiro direito rasgado, a roda destruída, o para-lama tornou-se um amontoado imprestável de aço e o capô bastante amassado. Sua condutora está bastante abalada, e demora em sair do carro. Ligações para o Resgate partem de vários celulares ao mesmo tempo. Preocupação e susto generalizado.
Talvez os danos materiais fossem maiores, não havia como saber naquele momento. A parte de baixo do motor pode ter sido afetada.
A sorte é que ninguém estava na calçada, naquele momento. Poderia ser uma tragédia...

sábado, 20 de novembro de 2010

Notas sobre uma cidade grande 4, ou os contrastes no contrato

O contraste social é chocante.
Pessoas dormindo nas ruas, ao lado de hotéis de incontáveis estrelas.
Pessoas empurrando carrinhos com material reciclável, ao lado de carros de centenas de milhares de reais (alguns deles eu não tinha visto nem em revistas...).
Pessoas com roupas sujas, fedidas e puídas, ao lado de homens e mulheres com ternos e terninhos de grifes famosas, usando perfumes igualmente famosos e caros.
Botecos copo-sujo convivendo com restaurantes finíssimos.
Lojinhas populares ao lado de shoppings caríssimos.
"Casas" de lata e madeira defronte a mansões e apartamentos de centenas de m².
Dois mundos diferentes, extremos que se tocam, mas não se misturam, existindo no mesmo espaço, ao mesmo tempo.
Uma corda tensionada quase que ao extremo, a ponto de se romper. Parece que o que a mantém assim, intacta, ainda é o tal contrato social.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Notas sobre uma cidade grande 3

As notícias sobre a violência sempre nos chegam com tons catastróficos. Às vezes sinto que da tela sairá uma bala perdida, ou que, se torcer o jornal, dele sairá um filete de sangue.
Por isso, quando saímos às ruas de Sampa, somos tomados por sentimentos como tensão e medo, e alteramos totalmente nosso modo de agir. Colocamos nossa carteira no bolso da frente, seguramos sacolas mais firmemente, com as mãos rígidas, e passamos a prestar mais atenção a tudo e a todos, olhando freneticamente para todos os lados, querendo dominar a situação.
Deixamos nossos relógios, pulseiras, anéis e brincos em casa, só para não chamar mais atenção. Escondemos nossos celulares sob a camisa, ou dentro do bolso do casaco.
Andamos mais apressados, não sei bem porque, talvez seguindo o ritmo frenético, e deixamos de apreciar o que nos cerca.
Apesar da violência, ainda há um pouco de beleza na cidade grande.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Notas sobre uma cidade grande 2

Na região de Cerqueira César e dos Jardins, pela manhã, vê-se muita gente passeando com seus cachorros. Ao ver essas cenas, me vem a lembrança da minha saudosa Madonna. Caramba, já se passou um mês desde que ela se foi...
Alguns poucos donos se preocupam em recolher a sujeira que eles não querem ver feita nos seus apartamentos. Mas a maioria não está nem aí.
Eles saem para passear com o totó, com aquela irritante cara de paisagem. Parece que o mundo se resume a isso.
O cachorro para e se abaixa, na posição típica, e o animal espera pacientemente que o outro animal termine o serviço. Logo depois, ambos retomam o passeio, como se nada tivesse acontecido. Você, que vem logo atrás, é que deve se virar para não pisar naquela massa fétida, que pode muito bem estragar seu dia.
O individualismo dos animais, aqui, impera e atinge níveis estratosféricos.
Se um dia você, meu amigo leitor, estiver passando por aqueles bairros, olhe bem por onde anda.

sábado, 13 de novembro de 2010

Voltei 6

Ah! Essas idas e vindas...
Caros amigos, passei uma semana longe do blog, devido a uma viagem a serviço para a cidade de São Paulo.
Estava hospedado em um hotel que dizia ter o tal "WiFi", conforme plaquinha afixada no hall.
E por acaso eu consegui conexão, apesar de o nível de sinal insistir em indicar "excelente"?
Só por desaforo, nem saí para procurar uma das tais lan-houses. Forcei-me a uma abstinência de computadores e internet.
Querem saber de uma coisa? Até que nem fez muita falta.
Mas eu confesso: várias foram as ocasiões em que me peguei olhando de rabo de olho para algumas telas, e admito ter flertado com alguns teclados. São os efeitos colaterais...
Entretanto, algo de bom surgiu. Usei as boas e velhas folhas de papel para algumas notas sobre a cidade grande, que serão postadas no decorrer dos próximos dias.
O único problema que detectei ao acessar a rede novamente foi a avalanche de e-mails não lidos. Nada que uma boa dose de paciência não resolva.
Um bom final de semana a todos.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Voltei 5

Depois do porre cívico, fiquei afastado por uns dias, para uma necessária, estratégica e gostosa visita ao meu pai, com direito a umas cervejas e muitas risadas com amigos de infância.
Passado o período mais crítico após a partida do nosso Anjo, e encerrada a chatíssima temporada de caça ao voto dos pobres e incautos eleitores, pretendo voltar ao ritmo normal de postagens.
Vamos então retomar nossas vidas, pois o ano já se encaminha para "os finalmentes".

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Lugar perigoso

O mundo, de maneira geral, tem se tornado um lugar muito perigoso.
O trânsito cada vez mais maluco, o aumento da criminalidade, as pessoas nervosas, estressadas e destemperadas, ruas e estradas esburacadas, construções mal sinalizadas e desprotegidas, tudo isso tem contribuído para que enfrentemos situações difíceis.
Mas alguns locais são mais perigosos do que outros, certo? Às vezes é apenas uma sensação, um desconforto, mas muitas vezes é algo real, quase palpável.
Essa placa retrata bem o problema.







Parece que não apenas as curvas sejam perigosas. Quem frequenta a estrada também leva perigo, não somente aos motoristas, como também ao patrimônio público.
Os estúpidos precisavam treinar tiro ao alvo na placa?

A segunda florada dos ipês - 2

Mais uma viagem, dessa vez impregnada de sensações de viagens há muito realizadas.
Não sei dizer bem o que foi, mas acordei assim, com várias recordações. Enfim, um sensação gostosa.
E, pelas estradas, como não poderia deixar de ser, acabamos nos deparando com paisagens que merecem destaque.
Depois das chuvas da última semana, o verde começou a retornar, e no meio das muitas árvores, ele se destacou. Por isso, mereceu alguns cliques.



terça-feira, 21 de setembro de 2010

A segunda florada dos ipês

Mais uma série de viagens, tendo como companhia o asfalto e a palidez irritante do céu que vai voltar a ser azul.
Nesses caminhos, certas paisagens merecem uma parada e alguns cliques.
É uma segunda florada dos ipês amarelos. Eles estão por toda parte, nos campos e nas cidades.
Em alguns casos, aparecem acompanhados de uns poucos e ainda tímidos ipês brancos.
Pena que a florada destes seja tão breve. Muitas vezes não temos a chance de captá-los como deveriam.
Mas algumas imagens dos amarelos alegram nossas vidas.







E para fechar com chave de ouro (aliás, uma cor bem pertinente neste caso), uma crônica de Rubem Alves, que você pode ler no original aqui. Um primor irretocável.

Os ipês estão floridos

Thoureau, que amava muito a natureza, escreveu que se um homem resolver viver nas matas para gozar o mistério da vida selvagem será considerado pessoa estranha ou talvez louca. Se, ao contrário, se puser a cortar as árvores para transformá-las em dinheiro (muito embora vá deixando a desolação por onde passe), será tido como homem trabalhador e responsável. Lembro-me disso todas as manhãs, pois na minha caminhada para o trabalho passo por um ipê rosa florido. A beleza é tão grande que fico ali parado, olhando sua copa contra o céu azul. E imagino que os outros, encerrados em suas pequenas bolhas metálicas rodantes, em busca de um destino, devem imaginar que não funciono bem.

Gosto dos ipês de forma especial. Questão de afinidade. Alegram-se em fazer as coisas ao contrário. As outras árvores fazem o que é normal - abrem-se para o amor na primavera, quando o clima é ameno e o verão está prá chegar, com seu calor e chuvas. O ipê faz amor justo quando o inverno chega, e a sua copa florida é uma despudorada e triunfante exaltação do cio.

Conheci os ipês na minha infância, em Minas, os pastos queimados pela geada, a poeira subindo das estradas secas e, no meio dos campos, os ipês solitários, colorindo o inverno de alegria. O tempo era diferente, moroso como as vacas que voltam em fim de tarde. As coisas andavam ao ritmo da própria vida, nos seus giros naturais. Mas agora, de repente, esta árvore de outros espaços irrompe no meio do asfalto, interrompe o tempo urbano de semáforos, buzinas e ultrapassagens, e eu tenho de parar ante esta aparição do outro mundo. Como aconteceu com Moisés, que pastoreava os rebanhos do sogro, e viu um arbusto pegando fogo, sem se consumir. Ao se aproximar para ver melhor, ouviu uma voz que dizia: “Tira as sandálias dos teus pés, pois a terra em que pisas é santa”. Acho que não foi sarça ardente. Deve ter sido um ipê florido. De fato, algo arde, sem queimar, não na árvore, mas na alma. E concluo que o escritor sagrado estava certo. Também eu acho sacrilégio chegar perto e pisar as milhares de flores caídas, tão lindas, agonizantes, tendo já cumprido sua vocação de amor.

Mas sei que o espaço urbano pensa diferente. O que é milagre para alguns é canseira para a vassoura de outros. Melhor o cimento limpo que a copa colorida. Lembro-me de um pé de ipê, indefeso, com sua casca cortada a toda volta. Meses depois, estava morto, seco. Mas não importa. O ritual de amor no inverno espalhará sementes pela terra e a vida triunfará sobre a morte, o verde arrebentará o asfalto. A despeito de toda a nossa loucura, os ipês continuam fiéis à sua vocação de beleza, e nos esperarão tranqüilos. Ainda haverá de vir um tempo em que os homens e a natureza conviverão em harmonia.

Agora são os ipês rosa. Depois virão os amarelos. Por fim, os brancos.

Cada um dizendo uma coisa diferente. Três partes de uma brincadeira musical, que certamente teria sido composta por Vivaldi ou Mozart, se tivessem vivido aqui.

Primeiro movimento, “Ipê Rosa”, andante tranqüilo, como o coral de Bach que descreve as ovelhas pastando. Ouve-se o som rural do órgão.

Segundo movimento, “Ipê Amarelo”, rondo vivace, em que os metais, cores parecidas com as do ipê, fazem soar a exuberância da vida.

Terceiro movimento, “Ipê Branco”, moderato, em que os violoncelos falam de paz e esperança. Penso que os ipês são uma metáfora do que poderíamos ser. Seria bom se pudéssemos nos abrir para o amor no inverno...

Corra o risco de ser considerado louco: vá visitar os ipês. E diga-lhes que eles tornam o seu mundo mais belo. Eles nem o ouvirão e não responderão. Estão muito ocupados com o tempo de amar, que é tão curto. Quem sabe acontecerá com você o que aconteceu com Moisés, e sentirá que ali resplandece a glória divina... (Tempus Fugit, pág. 12).

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Viagens, o azul pálido e a música

Outra safra de viagens em dias e tardes de um irritante azul pálido, tingido pelo improvável sol escaldante de inverno, e tendo como companhia a onipresente fumaça empoeirada no horizonte.
Boca seca, amenizada por várias garrafas de água, e alguns CDs para atenuar o tédio das estradas.
Desenterrei dois conjuntos que não ouvia há algum tempo. Bons momentos dos anos 80 e 90 que voltam à lembrança logo nos primeiros acordes.

O primeiro é o grupo brasileiro 14 Bis, formado em Minas Gerais, em 1979, e composto originalmente por Flávio e Cláudio Venturini, Hely Rodrigues, Vermelho e Sérgio Magrão. Para saber mais sobre eles, há uma página na Wikipedia.

O segundo é o duo britânico Eurythmics, formado pela escocesa Annie Lennox e pelo inglês Dave Stewart. Para saber mais sobre eles, há uma página na Wikipedia.

Se você já conhece, vale relembrar. Se ainda não ouviu, deve conhecer. Mais uma vez, digo: para falar mal, deve ter pelo menos conhecimento de causa.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

As naves precisam de tripulantes

Na Folha:
10/08/2010 - 08h36
Homem precisa abandonar a Terra logo, diz Hawking
DE SÃO PAULO
Eis o destino humano na opinião do físico Stephen Hawking: abandonar a Terra nos próximos 100 anos ou se tornar uma espécie extinta.
"Eu vejo grandes perigos para a raça humana." A solução, diz, é abandonar o planeta e se espalhar pelo espaço.
Em entrevista ao site "Big Think", Hawking disse que existem muitas ameaças atualmente: guerras, a exploração excessiva dos recursos naturais e a quantidade exagerada de gente vivendo no planeta.
Além disso, há outro risco, diz. "Se alienígenas nos visitassem agora, o resultado seria muito parecido com o que aconteceu quando Colombo chegou à América: não foi nada bom para os povos nativos", afirmou ele.
"Esses alienígenas avançados talvez sejam nômades, procurando conquistar e colonizar quaisquer planetas que eles consigam alcançar."
Mas ele se diz otimista. "Fizemos muito progresso nos últimos cem anos. Se quisermos ir além dos próximos cem, o futuro é o espaço."
O problema são as distâncias: a estrela mais próxima da Terra, depois do Sol, está a mais de quatro anos-luz - as espaçonaves atuais levariam 50 mil anos para chegar lá.


Leia o texto original aqui.

Independentemente da existência de alienígenas (você pode até não acreditar neles, mas seria muita presunção do ser humano acreditar que está sozinho, sendo o universo do tamanho que é), e da tecnologia disponível para viagens interestelares (ainda precisamos melhorar muito), tenho uma boa proposta de tripulação para as naves.
Seria uma covardia com o restante do universo, mas certamente seria a solução para boa parte de nossos problemas.
Já adivinharam quem seriam os colonizadores das profundezas do espaço? Não? Pensem um pouco.
Nada, ainda? Está bem. Eu falo: todos os estúpidos deste nosso planeta azul.
Com direito a passagem só de ida, claro!
Só não sei se sobrariam muitos habitantes por aqui...

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Voltei 3

Amigos, voltei.
Fiquei sem postar devido a algumas performances sociais (estamos cada vez mais treinados), e a uma rápida viagem para visitar meu pai (sim, blogueiro também tem pai).
Nos últimos dias a mídia tem destacado casos relacionados à violência no trânsito.
Relato aqui um caso acontecido comigo, que mostra, mais uma vez, que os estúpidos estão querendo dominar o mundo.
Dia e horário: segunda-feira, por volta de 16h30. Muito sol, calor, céu claro com névoa seca, excelente visibilidade.
Local: estrada de pista simples, asfalto não tão bom, acostamento razoável.
Trafego no limite de velocidade da pista, 80 km/h.
Olho no retrovisor e vejo um caminhão, desses de cara chata, azul escuro. Ele está longe, e não me preocupo.
Olho novamente, e ele está um pouco mais perto. Mantenho a velocidade. Em instantes, ele está a poucos metros do meu carro, ameaçador. Sua grade toma completamente o retrovisor.
Contrariando o Código de Trânsito e o limite de velocidade, acelero para tentar me afastar. Não adianta, pois ele está ainda mais próximo. Acelero um pouco mais, e chega uma subida. Ele se afasta. Na próxima descida ele volta a se aproximar demais, quase encostando na traseira do carro.
Sou obrigado a sair para o acostamento para deixá-lo passar, pois o risco de um acidente está muito acima do limite tolerável. Ele quase bate em nosso carro, pois praticamente não esperou que saíssemos completamente da pista e, acelerando ainda mais, segue como se nada tivesse acontecido.
Seu tamanho faz com que seja uma presença a ser "respeitada", pelo menos deve ser o que ele pensa. Eu até pensei em fazer aqui um comentário, segundo o que os psicanalistas costumam afirmar, sobre o tamanho do veículo e sua necessidade de autoafirmação, mas penso ser desnecessário.
Volto para a pista, reduzo a velocidade, com o nível de adrenalina nas alturas, e sigo viagem. Mantenho o olhos nele, que segue bem à frente.
Em outra subida, noto que mais um carro tem que lhe dar passagem, saindo para o acostamento. Ao chegar mais perto, vejo que se trata de uma velha Belina, que não tem potência suficiente em seu motor cansado para aguentar as investidas do potente motor a diesel.
Fico então me perguntando: quantas pessoas mais ele deve ter posto para fora da estrada? Quantas infrações de trânsito ele deve ter cometido em sua triste viagem? Quantos acidentes ele pode ter causado? São esses os chamados "profissionais do volante"? Estaria ele sob o efeito dos famosos "rebites"?
Nessas ocasiões, nunca vemos um policial rodoviário para, ao menos, reclamar desse tipo de conduta imprópria.
São pessoas assim que causam acidentes pelas estradas, devido à sua irresponsabilidade, elevada ao extremo pelo poder que têm nas mãos e no pé direito.
Quando se acidentam e vão sozinhos, só prejudicam a si mesmos.
O problema é que, geralmente, levam outros consigo, que nada têm a ver com seus problemas e com sua estupidez.
E quando morrem, vem então o velório, onde certamente se ouvem conversas parecidas com as que já postei aqui, acrescidos da suprema mentira: "dirigia tão bem...". Se dirigisse tão bem assim, não teria morrido e não teria levado outros consigo.
Até quando teremos que conviver com essas aberrações ao volante que se dizem "motoristas"? Para mim, são verdadeiros moto-terroristas.

domingo, 27 de junho de 2010

Prepare o bolso

Se você viaja pelas estradas de SP, prepare o bolso.

No Estadão.com.br:
27 de junho de 2010 | 10h 04
Valor do pedágio será reajustado nas rodovias de SP a partir da quinta
O link:
http://www.estadao.com.br/noticias/geral,valor-do-pedagio-sera-reajustado-nas-rodovias-de-sp,572797,0.htm

Por exemplo, um dos pedágios mais famosos do Estado, o do Sistema Anchieta-Imigrantes, passa de R$ 17,80 para R$ 18,50.

Se você quiser saber qual o valor de todos os pedágios, o link para o arquivo em pdf é:
http://www.estadao.com.br/especiais/2010/06/artesp_tarifas_pedagios_julho_2010.pdf

E lembre-se: cuidado com os radares! Tem sempre alguém a postos para tomar o seu dinheiro.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Dica de viagem

Se você for viajar pela Rodovia Marechal Rondon, a SP 300, é necessário um bom planejamento. Ela tem por volta de 550 km de extensão.
Explico:
1. Cuidado com os inúmeros radares fixos que já estão em operação, além dos móveis, que mudam constantemente de posição.
2. Você deve ter dinheiro para os muitos pedágios que foram implantados.
3. Cuidado para não ficar sem combustível. A pista não tem muitos postos de combustível em sua extensão. Se o tanque começar a baixar muito, é preferível entrar em alguma cidade e abastecer. O mesmo vale para o caso de a vontade de ir ao banheiro apertar.
Para maiores informações sobre os radares e os pedágios, acesse as páginas das concessionárias:
Rodovia das Colinas: Itu a Tietê 0800 703 50 80 http://www.rodoviasdascolinas.com.br/home.aspx
Rodovias do Tietê: Tietê a Bauru 0800 770 33 22 http://www.rodoviasdotiete.com.br/
ViaRondon: Bauru a Castilho 0800 72 99 300 http://www.viarondon.com.br/