Entra ano, sai ano, e precisamos voltar ao tema. Mais uma vez chegamos ao Dia Mundial do Meio Ambiente, "comemorado" hoje, dia 5 de junho.
Dessa vez não tivemos tsunami, e nem outra Fukushima, mas tivemos finalmente a votação do novo código florestal. E em breve teremos a tal Rio+20.
Os chefes de estado virão, com seus séquitos de aspones, e farão discursos quase vazios, repetindo clichês e chavões, pregando algo que nunca farão. Serão horas e mais horas de discussões, de relatórios, de trabalhos, de conferências, tanto do lado oficial, quanto do lado extra-oficial.
Haverá grupos de radicais, de alternativos, de neo-hippies, de capitalistas, de liberais, de neo-liberais, de conservadores, de... Bem, serão grupos para todos os gostos.
Uns dirão que o aquecimento global é algo real, outros dirão que é
balela. Questionarão o tamanho do buraco na camada de ozônio, e a perda
das florestas tropicais. Dirão que a China não pode mais crescer no
ritmo em que está. Afirmarão que o padrão de consumo dos EUA não pode
permanecer nos patamares atuais. E blá, blá, blá...
O discurso, no final, parecerá afinado, mas mostrará claras discordâncias, com mais dúvidas do que certezas. Haverá as tradicionais críticas ao padrão insustentável de consumo, à produção a qualquer custo, ao capitalismo predatório, etc.
Enfim, mais do mesmo.
Já vi esse filme. O final é previsível. Aguardem a Rio+30. Quero estar errado, mas adianto que não deve haver grandes novidades até lá.
Continuamos a não ter o que comemorar.
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terça-feira, 5 de junho de 2012
domingo, 5 de junho de 2011
Dia mundial do meio ambiente
No ano passado, postei sobre este mesmo tema, o Dia Mundial do Meio Ambiente, "comemorado" em 5 de junho.
Após ler o texto, reitero tudo o que disse, apenas trocando a catástrofe do Golfo do México pelo problema dos reatores da usina de Fukushima. Aqui no Brasil, a tragédia da região serrana do Rio continua lá, sem solução, e com muitas outras semelhantes apenas esperando para acontecer. O verão está logo ali, e quem viver, verá.
E o maior evento "comemorativo" da efeméride foi a concessão da licença de instalação da usina de Belo Monte.
Sim, o Brasil precisa de energia para o seu desenvolvimento. Talvez não precise de uma usina que não vai gerar, durante todo o ano, os mais de 11 mil MW projetados, mas tão somente uma média de 4,5 mil MW, e que vai custar aos nossos bolsos mais de R$ 30 bilhões (se bem que o valor, em si, pode variar, mas não será muito diferente disso), sem contar as linhas de transmissão.
Talvez também não precise de mais usinas nucleares, e certamente não precisa de gestores incompetentes na área de energia e meio ambiente.
Certamente não precisamos de mais megalópoles, de mais poluição, de mais carros particulares nas ruas, de mais população carente e sem educação, de mais bairros sem saneamento básico, de simples programas de bolsa-isso ou bolsa-aquilo.
Precisamos de muitas coisas: mais educação, menos impostos, mais segurança, mais saneamento básico, mais infraestrutura, menos políticos profissionais, mais vergonha na cara.
Precisamos, mais do que nunca, refletir se nosso modo de vida atual poderá se perpetuar, sem nos destruir aos poucos.
Precisamos ter motivos para comemorar o Dia Mundial do Meio Ambiente. Eu, hoje, não tenho tais motivos.
Após ler o texto, reitero tudo o que disse, apenas trocando a catástrofe do Golfo do México pelo problema dos reatores da usina de Fukushima. Aqui no Brasil, a tragédia da região serrana do Rio continua lá, sem solução, e com muitas outras semelhantes apenas esperando para acontecer. O verão está logo ali, e quem viver, verá.
E o maior evento "comemorativo" da efeméride foi a concessão da licença de instalação da usina de Belo Monte.
Sim, o Brasil precisa de energia para o seu desenvolvimento. Talvez não precise de uma usina que não vai gerar, durante todo o ano, os mais de 11 mil MW projetados, mas tão somente uma média de 4,5 mil MW, e que vai custar aos nossos bolsos mais de R$ 30 bilhões (se bem que o valor, em si, pode variar, mas não será muito diferente disso), sem contar as linhas de transmissão.
Talvez também não precise de mais usinas nucleares, e certamente não precisa de gestores incompetentes na área de energia e meio ambiente.
Certamente não precisamos de mais megalópoles, de mais poluição, de mais carros particulares nas ruas, de mais população carente e sem educação, de mais bairros sem saneamento básico, de simples programas de bolsa-isso ou bolsa-aquilo.
Precisamos de muitas coisas: mais educação, menos impostos, mais segurança, mais saneamento básico, mais infraestrutura, menos políticos profissionais, mais vergonha na cara.
Precisamos, mais do que nunca, refletir se nosso modo de vida atual poderá se perpetuar, sem nos destruir aos poucos.
Precisamos ter motivos para comemorar o Dia Mundial do Meio Ambiente. Eu, hoje, não tenho tais motivos.
quarta-feira, 4 de maio de 2011
Crônica de uma morte anunciada
Caros amigos, infelizmente somos testemunhas oculares da história, e lemos, ao mesmo tempo em que escrevemos, a crônica de uma morte anunciada.
Vemos, através do vidro da UTI, nosso meio ambiente moribundo, deitado numa cama, todo entubado.
Grandes partes de seu corpo são amputadas, a cada dia.
As atribuições dos principais órgãos ambientais estão se esvaindo, tal como o sangue flui de um corte profundo.
A capilaridade dos órgãos ambientais diminui a olhos vistos, tal como as pequenas veias colapsam.
Sua capacidade de execução está reduzida, garroteada pelo corte de verbas, tal como um membro prestes a ser amputado.
Estão todos fracos e atrofiados, por não poderem se mover.
Estão enjoados, de tanto engolir sapos.
Sua capacidade pensante está prejudicada pela evasão de servidores,
tal como a morte dos neurônios causada pelo Alzheimer.
Aquele que seria o suposto remédio, o tal novo código florestal, pode ser um
veneno amargo, de efeito muito rápido.
O sangue está contaminado, tal qual nossas águas.
Os pulmões estão prejudicados, devido ao ar poluído.
Os olhos estão obstruídos, devido à ganância, tal qual catarata.
A surdez já se instalou, causada pelo barulho incessante das máquinas do progresso.
A pele está insensível, devido ao efeito dos produtos químicos tóxicos.
Depois que o último tubo for retirado, depois que o último suspiro ocorrer, o que não deve tardar, por favor, alguém pode apagar a luz da UTI?
Vemos, através do vidro da UTI, nosso meio ambiente moribundo, deitado numa cama, todo entubado.
Grandes partes de seu corpo são amputadas, a cada dia.
As atribuições dos principais órgãos ambientais estão se esvaindo, tal como o sangue flui de um corte profundo.
A capilaridade dos órgãos ambientais diminui a olhos vistos, tal como as pequenas veias colapsam.
Sua capacidade de execução está reduzida, garroteada pelo corte de verbas, tal como um membro prestes a ser amputado.
Estão todos fracos e atrofiados, por não poderem se mover.
Estão enjoados, de tanto engolir sapos.
Sua capacidade pensante está prejudicada pela evasão de servidores,
tal como a morte dos neurônios causada pelo Alzheimer.
Aquele que seria o suposto remédio, o tal novo código florestal, pode ser um
veneno amargo, de efeito muito rápido.
O sangue está contaminado, tal qual nossas águas.
Os pulmões estão prejudicados, devido ao ar poluído.
Os olhos estão obstruídos, devido à ganância, tal qual catarata.
A surdez já se instalou, causada pelo barulho incessante das máquinas do progresso.
A pele está insensível, devido ao efeito dos produtos químicos tóxicos.
Depois que o último tubo for retirado, depois que o último suspiro ocorrer, o que não deve tardar, por favor, alguém pode apagar a luz da UTI?
domingo, 5 de setembro de 2010
Homem e Meio – um é produto do outro?
Por um lado, o homem é um produto do meio, segundo uma leitura da teoria existencialista.
Sartre cunhou primeiramente o conceito “a existência precede e governa a essência”.
O indivíduo, no princípio, somente tem a existência comprovada. Com o passar do tempo ele incorpora a essência em seu ser, não existindo uma essência pré-determinada.
Com esta frase, os existencialistas rejeitam a idéia de que há no ser humano uma alma imutável, desde os primórdios da existência até a morte. Esta essência será adquirida através da sua existência. O indivíduo por si só define a sua realidade.
Em 1946, no "Club Maintenant" em Paris, Jean Paul Sartre pronuncia uma conferência, que se tornou um opúsculo com o nome de "O Existencialismo é um Humanismo". Nele, ele explica a frase acima:
"... se Deus não existe, há pelo menos um ser, no qual a existência precede a essência, um ser que existe antes de poder ser definido por qualquer conceito, e que este ser é o homem ou, como diz Heidegger, a realidade humana. Que significa então que a existência precede a essência? Significa que o homem primeiramente existe, se descobre, surge no mundo; e que só depois se define. O homem, tal como o concebe o existencialista, se não é definível, é porque primeiramente é nada. Só depois será, e será tal como a si próprio se fizer."
Mas, por outro lado, o meio é produto do homem? O mundo como o vemos é produto da ação sistemática e voluntária do homem?
Segundo Durkheim, o homem é produto do meio, e ele cumpre à risca as regras impostas pela sociedade. Assim, o homem é mais influenciado pelo meio do que o meio pelo homem.
O homem precisa de leis para viver em sociedade, com regras e coerção, pois se não houvesse leis, a sociedade estaria doente. A coerção social, por sua vez, é o remédio da sociedade, é a força que os fatos exercem sobre os indivíduos, levando-os a se conformar com as regras da sociedade. O grau de coerção se torna evidente com a sanção, que é dividida entre sanções legais, que são as prescritas pela sociedade sob forma de leis, e as sanções espontâneas são as que surgem em decorrência de condutas não adaptadas pela sociedade (costumes).
Esse nó filosófico vem atormentando os pensadores desde a Grécia antiga, e não sei se conseguiremos chegar a um consenso, pois este traz em si o germe da unanimidade, e toda unanimidade é essencialmente burra.
Mas alguns exemplos podem reforçar a tese de que uma parcela do meio, no caso, o meio ambiente, é produto do homem. O que me dizem a respeito?


Sartre cunhou primeiramente o conceito “a existência precede e governa a essência”.
O indivíduo, no princípio, somente tem a existência comprovada. Com o passar do tempo ele incorpora a essência em seu ser, não existindo uma essência pré-determinada.
Com esta frase, os existencialistas rejeitam a idéia de que há no ser humano uma alma imutável, desde os primórdios da existência até a morte. Esta essência será adquirida através da sua existência. O indivíduo por si só define a sua realidade.
Em 1946, no "Club Maintenant" em Paris, Jean Paul Sartre pronuncia uma conferência, que se tornou um opúsculo com o nome de "O Existencialismo é um Humanismo". Nele, ele explica a frase acima:
"... se Deus não existe, há pelo menos um ser, no qual a existência precede a essência, um ser que existe antes de poder ser definido por qualquer conceito, e que este ser é o homem ou, como diz Heidegger, a realidade humana. Que significa então que a existência precede a essência? Significa que o homem primeiramente existe, se descobre, surge no mundo; e que só depois se define. O homem, tal como o concebe o existencialista, se não é definível, é porque primeiramente é nada. Só depois será, e será tal como a si próprio se fizer."
Mas, por outro lado, o meio é produto do homem? O mundo como o vemos é produto da ação sistemática e voluntária do homem?
Segundo Durkheim, o homem é produto do meio, e ele cumpre à risca as regras impostas pela sociedade. Assim, o homem é mais influenciado pelo meio do que o meio pelo homem.
O homem precisa de leis para viver em sociedade, com regras e coerção, pois se não houvesse leis, a sociedade estaria doente. A coerção social, por sua vez, é o remédio da sociedade, é a força que os fatos exercem sobre os indivíduos, levando-os a se conformar com as regras da sociedade. O grau de coerção se torna evidente com a sanção, que é dividida entre sanções legais, que são as prescritas pela sociedade sob forma de leis, e as sanções espontâneas são as que surgem em decorrência de condutas não adaptadas pela sociedade (costumes).
Esse nó filosófico vem atormentando os pensadores desde a Grécia antiga, e não sei se conseguiremos chegar a um consenso, pois este traz em si o germe da unanimidade, e toda unanimidade é essencialmente burra.
Mas alguns exemplos podem reforçar a tese de que uma parcela do meio, no caso, o meio ambiente, é produto do homem. O que me dizem a respeito?



quarta-feira, 21 de julho de 2010
A nova fauna urbana
No G1:
20/07/2010 10h50 - Atualizado em 20/07/2010 11h07
Canguru precisa de ajuda para descer de telhado na Austrália
Ainda não se sabe como ele subiu na casa da família James.
Equipe de TV flagrou resgate em subúrbio de Sydney no fim de semana.
Leia o texto aqui.
Segundo a reportagem, acontecimentos semelhantes podem se tornar comuns, devido à expansão urbana para regiões que originalmente eram os habitats desses animais.
Fenômenos assim ocorrem também por aqui.
Basta observar a nova fauna urbana. Calma, não estou falando dos "novos adolescentes".
Há alguns anos, ver um exemplar da chamada pomba asa branca era um privilégio de poucas pessoas que moravam em áreas rurais. Hoje, elas estão se tornando figurinha fácil em muitas cidades. O mesmo vale para as maritacas, com aquele infernal alarido característico e as eventuais invasões de forros de casas, com a respectiva destruição de instalações elétricas.
Até tucanos e araras são vistos com frequência cada vez maior.
A sistemática destruição de matas tem empurrado esses animais para as cidades, na busca de locais de reprodução e alimentação. E atrás deles vêm os predadores naturais, como os gaviões.
Ontem pela manhã tive mais uma amostra desse fenômeno.
Por volta de 07h00, saí para comprar pão, e ouvi um barulho e um canto que há tempos não ouvia.
Reduzi o passo e passei a procurar nas árvores do quarteirão, mas não vi nada.
Ao retornar, observei, no alto de um poste de eucalipto, o "causador" do barulho: um pica-pau. É mais uma ilustre visita, que se torna cada dia mais comum.
Se não preservarmos nossas matas (as poucas que ainda restam), teremos de nos acostumar com nossos novos vizinhos.
20/07/2010 10h50 - Atualizado em 20/07/2010 11h07
Canguru precisa de ajuda para descer de telhado na Austrália
Ainda não se sabe como ele subiu na casa da família James.
Equipe de TV flagrou resgate em subúrbio de Sydney no fim de semana.
Leia o texto aqui.
Segundo a reportagem, acontecimentos semelhantes podem se tornar comuns, devido à expansão urbana para regiões que originalmente eram os habitats desses animais.
Fenômenos assim ocorrem também por aqui.
Basta observar a nova fauna urbana. Calma, não estou falando dos "novos adolescentes".
Há alguns anos, ver um exemplar da chamada pomba asa branca era um privilégio de poucas pessoas que moravam em áreas rurais. Hoje, elas estão se tornando figurinha fácil em muitas cidades. O mesmo vale para as maritacas, com aquele infernal alarido característico e as eventuais invasões de forros de casas, com a respectiva destruição de instalações elétricas.
Até tucanos e araras são vistos com frequência cada vez maior.
A sistemática destruição de matas tem empurrado esses animais para as cidades, na busca de locais de reprodução e alimentação. E atrás deles vêm os predadores naturais, como os gaviões.
Ontem pela manhã tive mais uma amostra desse fenômeno.
Por volta de 07h00, saí para comprar pão, e ouvi um barulho e um canto que há tempos não ouvia.
Reduzi o passo e passei a procurar nas árvores do quarteirão, mas não vi nada.
Ao retornar, observei, no alto de um poste de eucalipto, o "causador" do barulho: um pica-pau. É mais uma ilustre visita, que se torna cada dia mais comum.
Se não preservarmos nossas matas (as poucas que ainda restam), teremos de nos acostumar com nossos novos vizinhos.
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