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terça-feira, 5 de julho de 2011

Uma brasileiríssima Noite Portuguesa

Tinha tudo para ser uma memorável noite de sábado.
Encontraríamos os amigos na Noite Portuguesa, logo depois de um outro compromisso.
Quando chegamos, o evento já havia começado. Deixei minha esposa na entrada e fui procurar uma vaga para estacionar. Orientado pelo segurança no estacionamento, deixei o carro láááá longe, e vim andando pela parte de trás do salão. O som do conjunto chegava até mim meio abafado, mas percebi claramente: tanto o cantor, quanto a cantora, deram uma desafinada homérica. Tremi, mas pensei que poderia ter sido apenas um deslize numa música mais difícil de cantar.
Encontrei minha esposa, entregamos os convites e entramos no salão. Apesar de lotado, tínhamos nossos lugares já guardados, e não teríamos problemas para sentar.
Tomei um susto: o som estava insuportavelmente alto, chegando a doer nos ouvidos. Quando sentamos, percebemos que só conseguiríamos conversar se gritássemos uns com os outros, mesmo que fosse com a pessoa do lado na mesa.
A comida estava excelente, principalmente o bacalhau, mas o vinho tinto seco acabou antes do meio do jantar. Dali a pouco, o branco seco teve o mesmo destino. A seguir, o tinto suave. O branco suave deixava muito a desejar. Sobrou a cerveja...
E o tal conjunto não se emendava. Além do som altíssimo, simplesmente destruiu várias músicas, a ponto de torná-las irreconhecíveis com arranjos, digamos, diferentes. Por exemplo, só consegui identificar um Creedence Clearwater Revival lá pelo meio da música, e uma Alcione só pelo refrão...
Mas os dançarinos eram especialistas em trocar de roupas. No máximo a cada duas, lá se iam pela cortina adentro, para voltar em novos trajes, e com coreografias meio assim, como direi, duvidosas...
De repente, o cantor anuncia: o melhor dos anos 70. Agora sim, pensei, deve vir alguma coisa boa. Os dançarinos com roupas, óculos escuros e perucas estilo black power, todos em tons berrantes, e atacam de Can You Feel It, do Jean-Roch. Tá, a música é legal, animada, o som pode até ser parecido com o dos anos 70, mas a música, definitivamente, não é dessa década...
Tentam outra vez, anunciando o melhor de Sidney Magal, e tocam Gipsy Kings...
Bem, era para ser uma noite portuguesa. Mas não ouvi nem um fado, nem sequer um Roberto Leal. E o conjunto, mais uma vez, errou a mão. De repente, do nada, começam a tocar uma tarantella, com os dançarinos vestidos a caráter, de verde, vermelho e branco, e de pandeirinho na mão...
Pista cheia, apesar da música mal tocada, e eis que surge uma axé-music (argh!!). A pista limpa num piscar de olhos, e o conjunto ainda insiste, tentando "animar" a galera. As pessoas só voltam depois de soarem alguns acordes de forró. Mas só deu para entender que era uma música conhecida pelo refrão...
Minha paciência já havia se esgotado. Sabe quando você começa a olhar insistentemente para o relógio e pedir para que o martírio acabe?
Final de festa, meus ouvidos definitivamente detonados e zumbindo, minha garganta destruída de tanto gritar para me fazer entender, posso resumir: valeu pela comida e pela companhia.
Se eu quiser ouvir boa música, em níveis civilizados de altura, tenho certeza: vou fazer isso em casa. Pois, se depender dessas tais super-bandas cheias de firulas e figurinos, contratadas a peso de ouro, já tenho o meu veredito: não vai dar certo...

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