Obrigado pela visita, e volte sempre que quiser!

Pesquisar este blog

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O Natal vem aí

Muita gente já escreveu sobre o Natal.
Realmente, é uma época diferente. Aproxima-se o final do ano, e o ser humano tem também para esta época um ritual de passagem (sobre estes, falaremos em outro post).
São as festas de amigo secreto (também chamadas de amigo oculto, como no RJ) e as confraternizações de fim de ano, a ceia e o almoço de Natal, os presentes, a arrumação da casa com luzes e enfeites, e toda aquela correria nas ruas, nas lojas, nos shoppings, etc.
Correria em parte desnecessária, pois não sei por que todo mundo deixa essas tais compras para a última hora. Mania de brasileiro... Mas será que é só nossa, mesmo? Quem compra os presentes antecipadamente, nesse período, fica em casa vendo as reportagens nos telejornais, e dando risada da aglomeração, do empurra-empurra, do desespero, do suadouro...
Quando eu era pequeno, nessa época, eu sentia no ar um cheiro diferente. Eu chamava de cheiro de Natal.
Acho que era o tal “espírito de Natal”. Era uma sensação gostosa, algo bom. Hoje em dia não sinto mais isso. Mudei, ou mudou tudo?
No final do ano, na região Sudeste, é período de chuvas. E isso já seria suficiente para lançar aromas diferentes no ar.
Em Araraquara, na região central, os quarteirões eram chamados duplos, com cem metros de comprimento (os quarteirões simples eram de cinquenta metros). Eu morava numa esquina, e minha avó materna morava no meio do quarteirão, numa casa antiga, alugada (só fui saber que não era dos meus avós depois que ela morreu – e eu já tinha 14 anos), daquelas com quintal enorme, cheio de frutas e com uma horta. E quando chovia, eu sentia um cheiro gostoso, mistura de terra molhada, rosas, alecrim, figos, uvas, limão galego, salsinha e cebolinha. Esse cheiro, misturado com o espírito de Natal, infelizmente, eu nunca mais senti.
A mesa montada no quintal sob a lona, as extensões com as lâmpadas, o entra e sai dos parentes, dos amigos dos meus avós, dos meus pais e dos meus tios, tudo tinha uma aura especial. Não havia luxo, pois não éramos ricos, mas havia algo além da fartura na mesa que não sabia explicar. Hoje sei que era o Espírito de Natal.
Onde meus avós moravam, há um prédio de uns quinze andares.
Aliás, naquele quarteirão antes tranqüilo, já são três prédios desses.
Ah! Sim! Já ia me esquecendo de falar algo importante sobre o Natal.
Já notaram que, a cada ano que passa, mais se fala no Papai Noel, e menos no Aniversariante?
E aquela figura bonachona, vestida de vermelho, simpática, imposta a nós pelo poderoso marketing de um refrigerante, vem tomando cada vez mais os espaços na mídia, e cada vez mais cedo. Em outubro ele já aparece em alguns anúncios. Antigamente, ele aparecia só em dezembro.
E o Aniversariante? Aquele que veio ao mundo para nos mostrar um caminho de verdade, de paz, de harmonia, de união? Ah, cara! Fica quieto! Deixa de ser piegas! Assista aos anúncios, quietinho. E deixe a fúria consumista tomar conta do seu bolso. Torre tudo o que você tem, e também o seu 13º. Coma muito, beba muito, dê presentes até para quem você não gosta. Ceda aos apelos do marketing, que nada mais é do que criar supostas necessidades para coisas das quais você não precisa. Afinal de contas, a economia tem que girar... Por falar nisso, quantos canais de compras já estão disponíveis na TV, tanto aberta, quanto por assinatura? Vai um juicer aí? Seus problemas acabaram!

sábado, 27 de novembro de 2010

Os especialistas, ou como dizer asneiras e fazer todo mundo acreditar

Com a recente onda de ataques no Rio e a entrada das forças policiais na guerra civil (sim, é uma guerra civil, por mais que queiram nos fazer acreditar no contrário), as redes de TV e a mídia impressa passaram a fazer uma extensa cobertura dos acontecimentos.
Este tema vai dominar a mídia por alguns dias, como já era esperado. Afinal de contas, a eleição já passou, e a tal transição está meio morna, pela quase continuidade (sim, estamos trocando seis por meia dúzia).
Mas, voltando ao tema, graças a todos esses acontecimentos, "eles" estão de volta.
Sim, "eles" são sempre lembrados por aqui.
Sim, "eles" estão em cena: com vocês, os indefectíveis "especialistas".
Não bastavam os que abordavam apenas assuntos nacionais. Agora, apareceram também os "especialistas em assuntos internacionais", seja a política, a economia, a segurança, o direito, enfim, todo e qualquer ramo do conhecimento humano.
Todos dizem muitas asneiras, mas agora elas são ditas com ar mais "professoral", pois são abalizadas por suposta sapiência nos tais assuntos externos. E todos à sua volta ficam com aquele ar embasbacado, como se estivessem vendo e ouvindo um verdadeiro sábio. Só faltam as reverências (todos ajoelhados, claro) e os pedidos de desculpas por estarem ali, atrapalhando o raciocínio do guru.
Valha-nos Deus!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Notas sobre uma cidade grande 5, ou a lenta rapidez

Em certas regiões de Sampa o trânsito pode estar muito rápido, enquanto em outras ele está muito lento, ou mesmo parado. Um vacilo, e o acidente está ali, do seu lado.
Presenciei um deles, ao vivo e em cores.
Próximo das 9 horas, estou de lado para a cena que se desenrolará em instantes.
Nem dá tempo de puxar conversa com meus companheiros de trabalho, e ouço os dois barulhos assustadores, em sequência.
Um cruzamento, com via preferencial de duas mãos, em subida, e a outra rua mais plana, com o seu respectivo "pare".
Na preferencial, um Astra preto sobe a rua, um pouco acima da velocidade permitida. O táxi, um Siena prata, vem e não respeita o "pare", e bate em cheio no para-lama dianteiro esquerdo do Astra, que se desgoverna, sai em diagonal, passa ao lado de um poste e acerta uma floreira.
A frente do Siena está seriamente avariada. Farol e grade quebrados, o capô está amassado, o radiador está furado e toda aquela água enferrujada escorre pelo asfalto.
Várias pessoas correm para o Astra, que está sobre a floreira, com o pneu dianteiro direito rasgado, a roda destruída, o para-lama tornou-se um amontoado imprestável de aço e o capô bastante amassado. Sua condutora está bastante abalada, e demora em sair do carro. Ligações para o Resgate partem de vários celulares ao mesmo tempo. Preocupação e susto generalizado.
Talvez os danos materiais fossem maiores, não havia como saber naquele momento. A parte de baixo do motor pode ter sido afetada.
A sorte é que ninguém estava na calçada, naquele momento. Poderia ser uma tragédia...

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O fio onipresente

Agora há pouco, à tarde, estava eu a pensar com meus processos, em alguns itens a serem devidamente abordados, quando me peguei olhando para algum ponto.
Só depois de alguns instantes percebi que olhava para os (muitos) fios de meu computador. Não, eu não uso um Mac... Sou um refém da arquitetura IBM-PC, a rainha dos fios.
São muitas as situações em que os fios nos conectam ao mundo. Podem ser mais finos ou mais grossos, sólidos ou furados, rígidos ou flexíveis, coloridos ou não.
Antes de nascer, nossa ligação é o cordão umbilical.
Depois, mais velhos, temos a televisão, o aparelho de som, o computador, o telefone, a geladeira e os demais eletrodomésticos. Todos dependem da energia elétrica, certo?
O carro também tem seus fios, internos e externos. Seja para o som, para calibrar os pneus, para encher o tanque, ou mesmo para recarregar as baterias.
Nossas roupas também têm fios, sejam sintéticos ou naturais.
Adoramos uma conversa fiada. Fazemos coisas de fio a pavio. Os negócios já foram garantidos no fio do bigode. Andamos constantemente sobre o fio da navalha. Nossa higiene bucal é feita com fio dental.
As expressões são muitas, os fios são intermináveis, onipresentes, e muitas vezes os nós deles advindos também são.
Estamos ligados ao mundo, nem que seja por um simples fio de esperança.

sábado, 20 de novembro de 2010

Notas sobre uma cidade grande 4, ou os contrastes no contrato

O contraste social é chocante.
Pessoas dormindo nas ruas, ao lado de hotéis de incontáveis estrelas.
Pessoas empurrando carrinhos com material reciclável, ao lado de carros de centenas de milhares de reais (alguns deles eu não tinha visto nem em revistas...).
Pessoas com roupas sujas, fedidas e puídas, ao lado de homens e mulheres com ternos e terninhos de grifes famosas, usando perfumes igualmente famosos e caros.
Botecos copo-sujo convivendo com restaurantes finíssimos.
Lojinhas populares ao lado de shoppings caríssimos.
"Casas" de lata e madeira defronte a mansões e apartamentos de centenas de m².
Dois mundos diferentes, extremos que se tocam, mas não se misturam, existindo no mesmo espaço, ao mesmo tempo.
Uma corda tensionada quase que ao extremo, a ponto de se romper. Parece que o que a mantém assim, intacta, ainda é o tal contrato social.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Efeméride

Hoje, dia 19 de novembro, comemoramos o Dia da Bandeira.
Retângulo verde, com losango amarelo, círculo azul, 27 estrelas brancas e o lema positivista "Ordem e Progresso" em verde, sobre uma faixa também branca.
Bonita? Sim, mas ninguém sai por aí com calça amarela, blusa verde e casaco azul e branco, a não ser na época da Copa ou no Carnaval...
O verde de nossas matas some sob a ação das motosserras e sob as brasas das queimadas.
O amarelo de nosso ouro e de nossas riquezas foi e continua sendo subtraído, caindo muitas vezes no fosso profundo da corrupção.
O azul de nosso céu e de nossas águas está sujo pelo cinza da poluição.
E o branco da paz está maculado pelo vermelho do sangue causado pela violência crescente.
Mas temos, além da bandeira, um hino em sua homenagem, com letra de Olavo Bilac e música de Francisco Braga. E numa de suas estrofes temos:

Sobre a imensa Nação Brasileira,
Nos momentos de festa ou de dor,
Paira sempre, sagrada bandeira,
Pavilhão da Justiça e do Amor!


Sim, o nosso país é imenso, assim como imensos são os nossos desafios, e imensa é a demagogia que tenta dirigir os nossos destinos.
E até mesmo a Justiça tem deixado a desejar, nos poucos momentos de festa e nos muitos de dor.
Sobra-nos o Amor, bastante abalado, mas ainda coberto de esperanças.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Notas sobre uma cidade grande 3

As notícias sobre a violência sempre nos chegam com tons catastróficos. Às vezes sinto que da tela sairá uma bala perdida, ou que, se torcer o jornal, dele sairá um filete de sangue.
Por isso, quando saímos às ruas de Sampa, somos tomados por sentimentos como tensão e medo, e alteramos totalmente nosso modo de agir. Colocamos nossa carteira no bolso da frente, seguramos sacolas mais firmemente, com as mãos rígidas, e passamos a prestar mais atenção a tudo e a todos, olhando freneticamente para todos os lados, querendo dominar a situação.
Deixamos nossos relógios, pulseiras, anéis e brincos em casa, só para não chamar mais atenção. Escondemos nossos celulares sob a camisa, ou dentro do bolso do casaco.
Andamos mais apressados, não sei bem porque, talvez seguindo o ritmo frenético, e deixamos de apreciar o que nos cerca.
Apesar da violência, ainda há um pouco de beleza na cidade grande.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Notas sobre uma cidade grande 2

Na região de Cerqueira César e dos Jardins, pela manhã, vê-se muita gente passeando com seus cachorros. Ao ver essas cenas, me vem a lembrança da minha saudosa Madonna. Caramba, já se passou um mês desde que ela se foi...
Alguns poucos donos se preocupam em recolher a sujeira que eles não querem ver feita nos seus apartamentos. Mas a maioria não está nem aí.
Eles saem para passear com o totó, com aquela irritante cara de paisagem. Parece que o mundo se resume a isso.
O cachorro para e se abaixa, na posição típica, e o animal espera pacientemente que o outro animal termine o serviço. Logo depois, ambos retomam o passeio, como se nada tivesse acontecido. Você, que vem logo atrás, é que deve se virar para não pisar naquela massa fétida, que pode muito bem estragar seu dia.
O individualismo dos animais, aqui, impera e atinge níveis estratosféricos.
Se um dia você, meu amigo leitor, estiver passando por aqueles bairros, olhe bem por onde anda.

domingo, 14 de novembro de 2010

Notas sobre uma cidade grande 1

Para quem mora no interior, a chegada a uma cidade como São Paulo sempre é um choque, não importa quantas forem as viagens feitas.
Principalmente se considerarmos que a região metropolitana começa a muitos quilômetros de Sampa propriamente dita, de qualquer direção que se venha. E isso vale também pelo ar...
É um Leviatã, verdadeiro organismo de concreto cinzento, coroado por um manto ora marrom, ora cinza de poluentes, recheado por artérias de asfalto, onde os habitantes são simples células desse corpo imponente, impressionante, fascinante e aterrorizante.
Uma das primeiras impressões que se tem, ao andar pelas ruas, é que as pessoas praticamente não se olham nos olhos. Uns olham para o chão, outros olham para o infinito, na tradicional “cara de paisagem”, ou parecem olhar através de nós. Penso que muitos, se pudessem, nem olhariam.
O mp3 (ou 4, 5, 6...), com fone de ouvido, é um campeão de uso, juntamente com o celular. Eles estão em todos os lugares: ônibus, carros, motos, metrô, calçadas, shoppings. Cada um está em seu mundo particular, mas usando o mesmo espaço. É um estar não estando, uma presença ausente, talvez fuga temporária das agruras e das aflições diárias.
A cidade grande não é para amadores...

sábado, 13 de novembro de 2010

Voltei 6

Ah! Essas idas e vindas...
Caros amigos, passei uma semana longe do blog, devido a uma viagem a serviço para a cidade de São Paulo.
Estava hospedado em um hotel que dizia ter o tal "WiFi", conforme plaquinha afixada no hall.
E por acaso eu consegui conexão, apesar de o nível de sinal insistir em indicar "excelente"?
Só por desaforo, nem saí para procurar uma das tais lan-houses. Forcei-me a uma abstinência de computadores e internet.
Querem saber de uma coisa? Até que nem fez muita falta.
Mas eu confesso: várias foram as ocasiões em que me peguei olhando de rabo de olho para algumas telas, e admito ter flertado com alguns teclados. São os efeitos colaterais...
Entretanto, algo de bom surgiu. Usei as boas e velhas folhas de papel para algumas notas sobre a cidade grande, que serão postadas no decorrer dos próximos dias.
O único problema que detectei ao acessar a rede novamente foi a avalanche de e-mails não lidos. Nada que uma boa dose de paciência não resolva.
Um bom final de semana a todos.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

E agora, vida normal?

Passou o Ano Novo.
Passou o Carnaval.
Passou a Páscoa.
Passou a Copa.
Passou a pré-campanha.
Passou a campanha.
Passou a eleição.
E agora, será que podemos retomar a vida normal, ao menos até que cheguem o Natal e o Ano Novo, de novo?

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Voltei 5

Depois do porre cívico, fiquei afastado por uns dias, para uma necessária, estratégica e gostosa visita ao meu pai, com direito a umas cervejas e muitas risadas com amigos de infância.
Passado o período mais crítico após a partida do nosso Anjo, e encerrada a chatíssima temporada de caça ao voto dos pobres e incautos eleitores, pretendo voltar ao ritmo normal de postagens.
Vamos então retomar nossas vidas, pois o ano já se encaminha para "os finalmentes".