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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O heterônomo, o erro e a humildade

Mais um daqueles posts para pensar.

Extraído do "Poema Em Linha Reta", de Fernando Pessoa, sob o heterônimo de Álvaro de Campos. Preciso separar um tempo para ler mais as obras desse grande autor.

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?


Concordo com o grande poeta. Principalmente quando se fala de alguém que já morreu. Tanto faz se é no velório, ou um bom tempo depois.
- Ah! Era tão bom...
- É verdade... Nunca fez mal a uma mosca.
Não é porque morreu que passa a ser uma pessoa boa, automaticamente. Tudo o que a pessoa fez ou deixou de fazer, falou ou deixou de falar, foi importante e afetou uns e outros, de alguma maneira, ao longo da vida. E, muitas vezes, ficou na memória dos que lhe foram próximos, em algum momento. Sejam lembranças boas, sejam ruins.
Suas ofensas, impropérios, elogios, fotos, atos, palavras, documentos, diplomas, cartas, mensagens (eletrônicas ou não), podem ter levado a boas ou más consequências.
Um projeto mal feito, uma operação mal realizada, uma obturação mal finalizada, uma aula mal dada, uma defesa mal elaborada, um copo ou uma garfada a mais (ou a menos), um beijo roubado, um olhar malicioso, uma fofoca, uma olhada na prova do vizinho...
Pois que atire a primeira pedra quem nunca cometeu um ato passível de reprovação.
Deixemos de ser hipócritas. Conosco, e com os outros.
Sejamos um pouco menos estúpidos e um pouco mais humildes. Aprendamos um pouco com nossos erros. E com os dos outros, também.
Já passou da hora de crescer.

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