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terça-feira, 3 de agosto de 2010

Ser feliz é uma obrigação - em breve, legal

Coluna do Arnaldo Jabor no Estadão de hoje, ácido e preciso como sempre:
A felicidade é uma obrigação de mercado

Seguem dois dos parágrafos:
Antigamente, a felicidade era uma missão a ser cumprida, a conquista de algo maior que nos coroasse de louros; a felicidade demandava "sacrifício". Olhando os retratos antigos, vemos que a felicidade masculina estava ligada à ideia de "dignidade", vitória de um projeto de poder. Vemos os barbudos do século 19 de nariz empinado, perfis de medalha, tirânicos sobre a mulher e os filhos, ocupados em realizar a "felicidade" da família. Mas, quando eu era criança, via em meus parentes, em minha casa, que a tal felicidade era cortada por uma certa tristeza, quase desejada. Já tinha começado o desgaste das famílias nucleares pelo ritmo da modernidade.
Hoje, a felicidade é uma obrigação de mercado. Ser deprimido não é mais "comercial". A infelicidade de hoje é dissimulada pela alegria obrigatória. É impossível ser feliz como nos anúncios de margarina, é impossível ser sexy como nos comerciais de cerveja. Esta "felicidade" infantil da mídia se dá num mundo cheio de tragédias sem solução, como uma "disneylândia" cercada de homens-bomba.


A íntegra da coluna você lê aqui.

Só que não precisamos mais nos preocupar com a tal felicidade, pois tramita no Senado uma Proposta de Emenda à Constituição - PEC para incluir a busca pela felicidade no artigo 6º da Constituição, cujo autor é o Senador Cristovam Buarque (PDT-DF). Veja aqui.
Na Câmara dos Deputados, a Deputada Manuela D'Ávila (PCdoB-RS) está à frente da mobilização pela coleta de assinaturas para que também seja protocolado um pedido de PEC sobre o mesmo tema.
Pergunta básica: para quê, mesmo, duas propostas iguais? Só para depois serem apensadas, uma à outra? Alguém já ouviu falar em desperdício de tempo e de dinheiro? Alguém acredita que isso existe na Banânia?
O site Congresso em Foco tem uma lista de notícias sobre o assunto. Veja aqui.
Quando fiz a busca, agora há pouco, a expressão "PEC da felicidade" mostrou 90.400 entradas no Google.
Os adeptos dessa "importante" inclusão na CF têm até site: http://www.maisfeliz.org/site/, além campanhas em várias mídias. Ah, sim! E muitas adesões dos "famosos" de plantão, prontos para abraçar qualquer maneira de aumentar a exposição. Convenhamos: nem relógio trabalha mais de graça...
Caso seja aprovada, e tem tudo para isso (apoios no Executivo, no Legislativo e no Judiciário, além da chamada sociedade civil), aí sim estaremos garantidos.
Realmente não teremos mais nada com que nos preocupar.
Como já dizia o grande Garrincha, só falta combinar com os russos.

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