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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Tempo seco 3

Céu azul pálido e nuvens altas, simples fiapos de algodão.
Água, só nas torneiras.
Os olhos avermelhados, ressecados, vasculham o céu à procura de nuvens robustas, cinzentas, carregadas, que possam ao menos prenunciar um leve aumento na umidade relativa do ar. Umidade relativa do ar? O nome já diz tudo: é relativa.
No jornal, a notícia: uma frente fria deve passar ao longo do litoral.
- Ops, o que é aquilo no horizonte? Minhas preces foram atendidas? Seria uma chuvinha para limpar o ar sujo e lavar nossa alma?
Que nada! É apenas mais uma enorme coluna de fumaça, resultado de outra queimada em algum pasto.
A esperança leva mais uma chamuscada, mas ainda sobrevive. Afinal, ela é a última que morre, certo?
Mais alguns dias, quem sabe?

Palavra do dia

A palavra de hoje é:

Empulhar v.td.
1 Enganar, ludibriar.
2 Dizer pulhas, gracejos maldosos a (alguém); escarnecer; zombar.

E a palavra associada é:
Empulhação sf.
1 Ação ou resultado de empulhar.
2 Bras. Pop. Logro, embuste, mentira, tapeação.

Exemplo:
Aquele negócio foi uma verdadeira empulhação.

domingo, 29 de agosto de 2010

Tempo seco 2

Acabei de ler na Folha:

29/08/2010 - 19h52
Umidade chega a 6% em Presidente Prudente, dez vezes menos que o ideal

Leia a íntegra aqui.

Um dos parágrafos da repostagem:
Em Presidente Prudente (542 km de São Paulo), a umidade relativa do ar chegou a 6% hoje, segundo o Cptec (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos). Para a Organização Mundial da Saúde, o índice abaixo de 12% caracteriza situação de emergência. Para ser considerado adequado para a saúde, o ar precisa ter no mínimo 60% de umidade.

Inverno com temperaturas de verão, umidade relativa do ar típica de deserto, queimadas descontroladas, fumaça e poeira, índices de UV elevados. Onde vamos parar?
Faz quase uma semana que nosso umidificador trabalha sem descanso, para que possamos respirar um pouco melhor dentro de casa. Já na rua...

Agradecimentos 2

Quero agradecer as visitas que o Blog tem recebido, não só do Brasil, como também do exterior.
Fiquei surpreso, e também muito contente, em saber que recebi visitas da Bélgica, do Canadá, dos EUA, da França, da Índia, do Japão, da Noruega e de Portugal.
Espero que todos tenham gostado do que viram por aqui, e que retornem sempre.
Um grande abraço e boa semana a todos.

Palavra do dia

Desprezar v.
1 Cometer fraude em prejuízo de (pessoa física ou jurídica). [td.]
2 Falsificar, adulterar. [td.]
3 Agir com o intuito de iludir, ludibriar. [td.]
4 Fazer contrabando de; contrabandear. [td.]
5 Fazer fracassar; frustrar. [td.]

E a palavra associada:
Desprezo sm.
1 Falta de apreço ou consideração; desdém (ant.).
2 Desconsideração, descaso, negligência.
3 Sentimento de forte repulsa.

Não há necessidade de exemplos. Eu desprezo certos comportamentos neste país.

Cena urbana normal? - 3

Este post vai por o dedo na ferida da vaidade feminina.
Mais uma daquelas tardes iluminadas de inverno (só se for no calendário, claro), vento seco, muita fumaça e poeira, e nenhuma nuvem no céu.
Retorno de minha hora de almoço, e vejo passar por mim uma moto, com um casal conversando animadamente.
O rapaz pilota e a moça está na garupa, com apenas um dos braços em torno da cintura dele. O outro braço está para trás, aparentemente solto.
Ao olhar novamente, noto o motivo da atitude da moça. Ela está segurando para baixo a parte de trás blusinha, para não deixar a calcinha à mostra.
Meu sorriso é inevitável. Talvez muitos nem prestem atenção, mas esta é uma atitude mais comum do que se imagina. Pode ser na moto, na bicicleta, ou até mesmo a pé.
A combinação de blusas curtas e com calças de cós baixo (às vezes nem tão baixo assim), ou o uso de micro-saias (não, não são mini, são muito menores do que isso), faz com que as mulheres, a cada passo, fiquem puxando suas roupas ou para baixo, ou para cima, conforme a ocasião, para não mostrar mais do que seria normal de acordo com as normas de moral e bons costumes (isso ainda existe, certo?) atualmente vigentes.
Pergunta básica 1: se não quer mostrar, por que usar?
Pergunta básica 2: se quer mostrar, por que se preocupar?
Pergunta básica 3: se não tem o que mostrar (para mais ou para menos, como muitas por aí), por que usar?
Se a resposta for “para fazer charme”, sinto dizer que a maioria não sabe sequer o que é isso, nem como fazer para parecer casual...

Tempo seco 1

Nestes dias de mudanças climáticas, é louvável o plantio de mudas de árvores nas ruas, apesar de o poder público e a população terem condições de fazer um pouco mais a respeito.
Vejo quarteirões inteiros sem uma única árvore, castigados pelo sol inclemente de nosso país tropical, independente de estação do ano.
Em algumas ruas, encontro poucos exemplares recentemente plantados. Seria uma atitude elogiosa, se não fossem tempos de aridez quase desértica, neste inverno esquisitamente tórrido.
As mudas são plantadas e lá ficam, sob o sol, perdendo gradativamente sua exuberância, sem uma gota de água salvadora, negada pelos governantes, por seus subordinados e também pelos moradores próximos. Ninguém se digna a atravessar a rua com uma caneca e regar a pobre planta. Apesar de tímida, esta atitude pode ajudar a melhorar a condição de vida nas cidades médias e grandes, por exemplo, reduzindo a temperatura média e aumentando a umidade relativa do ar.
Poucas são as pessoas que dizem querer uma árvore em frente à sua casa, e as desculpas são várias. Entre elas, o trabalho que teriam em varrer as folhas e flores que caem, supostamente “sujando” a rua.
Entretanto, são estas mesmas pessoas que reclamam quando têm de caminhar pelas ruas sem ter uma sombra sequer para descansar, ao longo do percurso. Também reclamam quando estacionam seus carros sob o sol, transformando-os em verdadeiros "autos-fornos".
É o nosso descaso que transforma a futura árvore frondosa, com sua sombra refrescante, em um pequeno pau ressequido e imprestável.

Um tigre na bolsa

No Estadão:

Veja a íntegra aqui.

Filhote de tigre é encontrado em bagagem em aeroporto na Tailândia
Animal, sedado, estava dentro de bolsa com bichos de pelúcia que mulher pretendia levar em voo para o Irã.
27 de agosto de 2010 | 5h 51


Não sei quem é mais animal: se o pobre filhote, ou essa porcaria que se auto-intitula ser humano, nascido com sexo feminino, e que supostamente seria "inteligente", mas não passa de um mero exemplar de estupidez. E essa coisa aí embarcaria para aquele país muito democrático, que não tem pretensões de ser uma potência nuclear, cujo presidente nega o holocausto e que é bastante amigo de presidentes de republiquetas de bananas, o Irã.
Há necessidade de um controle rigoroso por parte das "autoridades" para que o tráfico de animais silvestres seja eliminado.
Parece óbvio, mas não custa reforçar: cada um no seu habitat. Ou, em frase "lapidar", lançada recentemente no "meio musical", "cada um no seu quadrado".

Lugar de tigre é na selva, não dentro de bolsas.
Lugar de passarinho é na natureza, não na gaiola.
Lugar de louco é no hospício, não nas ruas.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Palavra do dia

Arrogância sf.
1 Ação ou resultado de atribui a si mesmo prerrogativa(s), direito(s), qualidade(s) etc.
2 Qualidade de arrogante, de quem se pretende superior ou melhor e o manifesta em atitudes de desprezo aos outros, de empáfia, de insolência etc.
3 Atitude, comportamento prepotente de quem se considera superior em relação aos outros; insolência.
4 Ação desrespeitosa, que revela empáfia, insolência, desrespeito.

Uma palavra associada:
Arrogante a2g.
1 Que tem ou demonstra arrogância.
2 Orgulhoso; insolente, atrevido.

Exemplo:
Aquele sujeito é muito arrogante.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Palavra do dia

Picareta sf.
1 Instrumento com duas pontas de ferro, us. para escavar terra, arrancar pedras etc.; alvião; picão.
sm.
2 MG RS Vest. Chapéu de palha.
s2g.
3 Bras. Pop. Pessoa que usa de expedientes, enganos ou mentiras para alcançar favores; embusteiro; vigarista.
a2g.
4 Bras. Pop. Diz-se de que ou quem faz uso de meios reprováveis para enganar, fraudar etc.



De acordo com a Wikipedia, a Picareta é uma ferramenta análoga ao martelo, que consiste em uma cabeça de metal pontiaguda fixada na ponta de um cabo comprido feito usualmente de madeira.
Seu principal uso é quebrar pedras e rochas, sendo muito utilizada em minas e obras para escavação de túneis, onde o trabalho para quebrar as pedras era manual antes da introdução das modernas escavadeiras.
Os alpinistas fazem uso de picaretas especiais, principalmente quando realizam escaladas no gelo. Neste caso, sua função é prover um ponto de fixação no gelo ou simplesmente quebrá-lo para abrir caminho.
No jargão popular brasileiro, esta palavra é empregada para designar pessoas que executam serviços sem pleno conhecimento profissional para tanto, resultando, frequentemente, em trabalhos de qualidade questionável, também conhecidos por "picaretagem". Há um outro sentido, mais amplo, que associa o termo "picareta" a pessoa desonesta.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Palavra do dia

Retomando a série, a palavra de hoje é:
Ardil sm.
1 Estratagema para enganar; ardileza; artimanha; astúcia.
2 Cilada, armadilha.

Uma palavra associada é:
Ardiloso a.
1 Que usa de ardis; astucioso; manhoso; sagaz.

Exemplo:
Alguns comerciantes são ardilosos no trato com seus clientes.

Albert Einstein e um dom da natureza

Mais uma frase do grande Albert Einstein:
"A alegria de ver e entender é o mais perfeito dom da natureza."

Pena que, atualmente, este dom seja muito pouco aproveitado.
Muitos olham, mas são poucos os que veem. E daqueles que veem, apenas alguns conseguem entender. Consequentemente, continuaremos patinando na lama da estupidez, se nada fizermos.
Educação, conhecimento e consciência crítica: eis um caminho necessário, que poucos estão dispostos a trilhar, pois parece que pensar causa algum tipo de dor.
A dor maior está no espírito, que permanece na escuridão da ignorância.

domingo, 22 de agosto de 2010

Os pais da música techno

Esta é mais uma das minhas dicas de música.
Ouvi muito este conjunto no final dos anos 70 e começo dos anos 80.
A indicação vai agradar alguns, mas sei que também vai desagradar outros.
Este grupo alemão pode ser considerado o precursor e fundador do estilo techno, devido ao estilo experimental e uso intenso de sintetizadores.
Foi fundado em 1970, em Düsseldorf, Alemanha, e sua formação clássica (e mais duradoura) contava com Florian Schneider, Ralf Hütter, Wolfgang Flür e Karl Bartos.
Foram muitos sucessos, entre eles Autobahn, The Model, Computer World, Radio-Activity, We Are the Robots, Numbers, Pocket Calculator, Musique non-stop, Boing Boom Tschak.
Caso ainda não tenha se lembrado, seu nome é Kraftwerk, a "usina de energia" que eletrizou, pela primeira vez, aquilo que hoje se conhece como dance music.
Na Wikipedia há uma página sobre eles. Clique aqui.
Ao longo desses 40 anos, apesar de alguns não admitirem e até torcerem o nariz, muita gente se inspirou nos alemães elétricos.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Dando tempo ao tempo

Este poema eu postei no blog Crônicas Urbanas, em 18 de agosto, por ocasião do aniversário da titular. Ela postou uma música de Caetano Veloso, Oração ao Tempo, e a inspiração foi automática. Entre aquele e este, apenas algumas modificações que o tempo proporcionou.
Não tenho a chamada "veia poética", e nem chego perto da genialidade de Fernando Pessoa ou Vinícius de Moraes. Penso que estou mais para a geniosidade, em certas ocasiões. Este "atentado poético" fala sobre o tempo. Em todo caso, melhor ter um antiácido à mão.

Dando tempo ao tempo,
Tenho-o para cometer alguns supostos versos,
(des)conexos e (a)temporais.
O tempo é o senhor da razão.
Mas também é senhor de si mesmo.
Passa depressa ou lentamente.
Depende, mas não de nós.
Não podemos controlá-lo, mas apenas sentir sua passagem.
Cabe a nós aproveitá-lo.
Para o bem ou para o mal.
Uns, felizes, optam pela primeira via.
Muitos, que tristeza, se desviam.
Que o tempo lhes seja leve, em ambos os caminhos.

Viagens, o azul pálido e a música

Outra safra de viagens em dias e tardes de um irritante azul pálido, tingido pelo improvável sol escaldante de inverno, e tendo como companhia a onipresente fumaça empoeirada no horizonte.
Boca seca, amenizada por várias garrafas de água, e alguns CDs para atenuar o tédio das estradas.
Desenterrei dois conjuntos que não ouvia há algum tempo. Bons momentos dos anos 80 e 90 que voltam à lembrança logo nos primeiros acordes.

O primeiro é o grupo brasileiro 14 Bis, formado em Minas Gerais, em 1979, e composto originalmente por Flávio e Cláudio Venturini, Hely Rodrigues, Vermelho e Sérgio Magrão. Para saber mais sobre eles, há uma página na Wikipedia.

O segundo é o duo britânico Eurythmics, formado pela escocesa Annie Lennox e pelo inglês Dave Stewart. Para saber mais sobre eles, há uma página na Wikipedia.

Se você já conhece, vale relembrar. Se ainda não ouviu, deve conhecer. Mais uma vez, digo: para falar mal, deve ter pelo menos conhecimento de causa.

1984 ou 2010?

No Observatório da Imprensa:
CENSURA NA VENEZUELA
Jornais reagem a proibição de imagens "violentas"

Em 20/8/2010
A imprensa venezuelana condenou a proibição da publicação de imagens violentas instituída no início da semana por um tribunal especial de proteção a crianças e adolescentes. A ordem veta a publicação nos jornais de imagens "violentas, sangrentas ou grotescas" com o objetivo de proteger os jovens. O período da proibição coincide com o mês de campanha antes das eleições legislativas de setembro.
Diversos jornais do país criticaram a medida, e grupos em defesa da liberdade de imprensa a classificaram de censura. Segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras, a ordem é muito vaga. Representantes da ONU e da Organização dos Estados Americanos divulgaram uma nota em conjunto pedindo que a proibição seja anulada, pois institui a censura prévia e viola o princípio de liberdade de expressão.
A ordem foi aprovada depois que o diário venezuelano El Nacional publicou, na semana passada, fotografias explícitas de cadáveres em um necrotério. O objetivo do jornal era chamar a atenção para o aumento de assassinatos nas ruas de Caracas.
Debate público
O presidente Hugo Chávez, cujo governo não divulga há anos dados relacionados a crimes, declarou que "seus críticos" estariam usando imagens "pornográficas" como a do necrotério para deturpar o debate público sobre o problema da violência para desestabilizar sua autoridade.
Na quarta-feira [18/8], o El Nacional deixou grandes espaços em branco em suas páginas com a palavra censura "impressa" no lugar das fotos. A violência nas ruas é uma das principais questões na campanha para as eleições, marcadas para 26 de setembro. Números não oficiais de uma ONG que monitora a violência no país dão conta de que ocorreram mais de 16 mil assassinatos no último ano. Em Caracas, que é hoje considerada uma das cidades mais perigosas da América do Sul, foram 140 homicídios por 100 mil habitantes – para se ter uma ideia, em Bogotá este número é de 18 por 100 mil. Com informações da AFP.

Veja o texto original aqui.

Cada vez mais sinto que Eric Arthur Blair, também conhecido como George Orwell, foi um visionário, com sua crítica ácida e precisa do socialismo, feita no livro 1984.
A censura, a tentativa de reescrever a história, o direcionamento de pautas... Certas coisas caminham perigosamente para o cenário traçado na literatura. Só não vê quem não quer.
Começo a ficar com certo receio...

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Uma mosca incomoda muita gente...

Céu claro, sol, temperatura agradável (depois da manhã bem fria), por volta de 12h40.
A caminho de casa, para minha hora de almoço, imerso em pensamentos, apesar da rua praticamente deserta, noto que tenho companhia.
É uma daquelas moscas que ficam rodeando a cabeça e os braços, tentam entrar no nariz ou nos ouvidos, passam em voo rasante pelos óculos escuros, sempre incansáveis, e não nos largam mesmo sendo enxotadas várias vezes.
Mas poderia ser pior. Como? Já tentou enfrentar uma daquelas vespinhas? O resultado pode ser bem doloroso...
Não consegui descobrir, até hoje, porque elas encasquetam conosco.
Hoje, pela manhã, fiz barba, tomei banho, passei desodorante, pus roupas limpas, tudo como manda o figurino. Sei que o cheiro não estava desagradável, e muito menos carregava um embrulho de peixes. Mas lá estava ela, implacável, grudenta, em seus rasantes certeiros.
Ela me acompanhou por uns três quarteirões, e só me deixou em paz na esquina de casa. Tão rápido chegou, tão rápido partiu. Deve ter ido se encontrar com outro pedestre incauto, para mais alguns minutos de aporrinhação.
Quando vemos uma cena assim, de longe, a pobre vítima parece dançar um balé descontrolado. Quando não é conosco, é até cômico.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Londres em dois filmes (que podem ser três)

Depois da sexta, 13, em que nada de anormal aconteceu (como previsto), um final de semana tranquilo.
Aproveitamos a queda da temperatura para passar na locadora e retirar alguns DVDs.
Dessa vez, minha recomendação vai para dois bons filmes, ambientados na mesma cidade, Londres.

Um deles é de 2005, e seu título em português é Sra. Henderson Apresenta (Mrs. Henderson Presents).
É uma produção britânica, dos Estúdios BBC, com direção de Stephen Frears.
A interpretação dos dois atores principais é primorosa: Judi Dench é a Sra. Henderson, e Bob Hoskins é Vivian Van Damm.
Um breve resumo é: Laura Henderson, uma britânica rica, após ficar viúva, compra um teatro antigo em Londres (pouco antes de ser bombardeada pelos alemães, durante a 2ª Guerra Mundial) e o reabre como Windmill Theatre, comandado por Vivan Van Damm, um judeu descendente de holandeses. A casa de shows que fica famosa por conta, entre outras coisas, das apresentações de garotas nuas.
Depois de assitir ao filme, que tem boa ambientação histórica e com figurino bem escolhido, fiquei pensando sobre o pano de fundo do filme, que é a guerra, o supra-sumo da estupidez humana. Rios de dinheiro gastos para mandar jovens para a morte, geralmente por motivos insustentáveis. Gostaria de saber se, um dia, essa monstruosidade vai acabar... Só que os interesses econômicos quase sempre falam mais alto...

O outro filme é Sherlock Holmes, de 2009, dirigido por Guy Ritchie. Excelente diversão.
Um breve resumo: o filme, também ambientado em Londres, conta de maneira arrojada, repleta de ação, adrenalina, humor e romance a história do legendário detetive da literatura, Sherlock Holmes. O detetive, interpretado por Robert Downey Jr., e seu fiel parceiro John Watson, interpretado pelo ator Jude Law, utilizando suas habilidades físicas e mentais, envolvem-se em uma batalha contra o crime na Inglaterra, liderado pelo Lorde Blackwood (Mark Strong), vilão que pretende pertubar a paz e acabar com a ordem no Reino Unido. Rachel McAdams interpreta Irene Adler, que já esteve envolvida com Holmes em aventuras anteriores, segundo diálogos travados entre eles. Ao longo da trama aparece a figura do Professor Moriarty, que passará a ser perseguido por Holmes.
O gostinho de quero mais, ao final do fime, será aplacado com Sherlock Holmes 2, que deve começar a ser filmado no final deste ano.

Eu recomendei dois filmes, mas houve um terceiro, que foi Harry Potter e o Enigma do Príncipe (Harry Potter and the Half Blood Prince), de 2008, com direção de David Yates. Também há locações em Londres. Quase não consegui assistir, pois o DVD estava travando (coisas que acontecem com quem pega DVDs em locadoras, pois nem todo mundo toma os devidos cuidados). Depois das quase duas horas e meia, ficou uma sensação de que a série está sombria e um pouco mis parada. A produção é boa, os efeitos especiais são caprichados, mas recomendo só para fãs. O final da série HP está programado para dois filmes, um em 2010, e o outro em 2011 (As Relíquias da Morte). Talvez as coisas fiquem um pouco mais movimentadas. Por enquanto, se quiser encarar, é bom assistir caso não esteja cansado. Há risco de dormir. Aproveito para contar: Dumbledore morre no final. Só não vou contar quem foi.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Sexta-feira, 13 de agosto

Pergunta para os supersticiosos: como foi a sua sexta-feira, 13 de agosto? Pegou o trevo de quatro folhas, a figa e o patuá antes de sair de casa? Usou o pé direito ao entrar ou sair de cada ambiente frequentado? Consultou os astros? Defumou seu escritório? Fez tudo isso e mais um pouco? Ou não deu bola?
Só faltou ser lua cheia e ano bissexto, para completar a conjunção supostamente fatídica?
Provavelmente, nada de extraordinário aconteceu, certo?
Ou você martelou o dedão? Ou talvez tenha chutado o pé da cama, logo cedo?
O certo é que pouco, ou quase nada, acontece. As chances de algo ocorrer neste dia são exatamente iguais às de qualquer outro dia. Probabilidade, certo? A matemática, mais especificamente a estatística, é categórica.

Agora, uma curiosidade totalmente inútil, associada à vontade insana do ser humano de dar nome para tudo.
Esta eu tirei da Wikipedia (veja aqui), onde você pode ler mais sobre esta data tão comentada.
Triscaidecafobia é medo irracional e incomum do número 13. É bastante comum nos EUA, onde muitos prédios altos não têm o 13º andar, contando-se 12º, 12º-A e 14. Como se isso fosse adiantar muito...
O medo específico da sexta-feira 13 é chamado de parascavedecatriafobia ou frigatriscaidecafobia.

Os cabelos da socialite

Quem disse que cabelo não rende notícia?

Na Folha:
12/08/2010 - 11h30
Paris Hilton é processada em R$ 60 milhões por usar alongamentos de outra marca
De São Paulo:
A socialite Paris Hilton está sendo processada em US$ 35 milhões (cerca de R$ 60 milhões) por uma marca de extensões capilares com a qual ela tinha contrato desde 2007.
A empresa Hairtech International alega que Paris quebrou seu contrato com a marca após usar alongamento com extensões capilares de outra marca em 2008. Agora, a empresa quer que a socialite pague 10 vezes o valor do seu contrato.
A empresa alega ainda que Paris perdeu uma festa de lançamento de um novo produto da marca em 2007 por que ela estava na cadeia.
Os advogados de Paris ainda não comentaram o caso.


Veja a "notícia" aqui.

Também no Globo:
Plantão - publicada em 13/08/2010 às 10h45m
US$ 35 milhões
Aplique de cabelo leva empresa a processar Paris Hilton
Veja aqui. Nem vou postar, pois o teor é semelhante.

Aproveito o caso da "socialite" para alguns rápidos comentários.
Segundo o Dicionário Aulete Digital, é um verbete novo, e significa "pessoa que pertence à classe alta e que geralmente figura nas colunas sociais".
Acrescento: parece-me que também há uma tendência de se transformar isso em "profissão". Por favor, não me pergunte exatamente como.
Poucas pessoas estão contentes com seus cabelos do jeito que são.
Quando são curtos, as pessoas os querem compridos, e usam os tais apliques para não esperar o lento crescimento natural. Às vezes, passam a tesoura para tê-los bem curtinhos. Só que muitas se arrependem, e dá-lhe aplique.
Quando são escuros, almejam o glamour do loiro. Quando são loiras, escurecem-no. No meio dessa história, podem aparecer as demais cores do arco-íris.
Quando são crespos ou ondulados, a chapinha é a solução. Quando são lisos, entra em cena o permanente, passando pelos repiques e desfiados.
Ultimamente, tenho visto alguns "penteados" que despertam a curiosidade, tanto ao vivo, quanto na TV.
E sinto que não são raras as ocasiões em que sentimos vontade de perguntar: quem é o seu "despenteador"?

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

George Orwell e o efeito Tostines

A vida atual está muito influenciada pelo efeito Tostines.
As pessoas estão mais liberadas, pois tudo está mais escancarado, ou tudo está mais escancarado, pois as pessoas estão mais liberadas?
Depois das muitas restrições impostas ao longo das décadas de 40, 50, 60 e 70, consolidou-se uma verdadeira liberação dos costumes e condutas sociais nas décadas de 80, 90 e 00. Conversas ao celular, no meio da rua, em altos brados, busca incessante por aparecer em colunas sociais (eletrônicas ou impressas), alterações de comportamento, desejo irrefreável de parecer “diferente” e se destacar da massa, a necessidade de ficar "on-line" pelo máximo de tempo possível, o uso irresponsável das chamadas “redes sociais” na internet, expondo perigosamente a intimidade, uso de drogas lícitas e ilícitas, desejo de poder pelo poder, são apenas alguns sintomas que noto em nossa sociedade, cada dia mais doente.
A internet, o celular, a expansão desenfreada da venda de máquinas fotográficas e filmadoras digitais, as transmissões ao vivo, via satélite, o aumento da quantidade de emissoras de TV, o uso de câmeras de monitoramento, tudo tem contribuído para que caminhemos para algo como a exposição total de nossa privacidade, seja ela por vontade própria (o exibicionismo é uma das características do ser humano), seja por vontade alheia e/ou necessidade (autoridades, empresas, instituições).
Esta situação já havia sido prevista no livro 1984, de George Orwell (cujo verdadeiro nome era Eric Arthur Blair), publicado em 1949, no qual todos os habitantes da Oceania (no livro, o mundo era dividido em Oceania, Eurásia, Lestasia e uma área chamada “em disputa”) eram monitorados por teletelas, em qualquer lugar que fossem. Foi nesse livro que surgiu a expressão Big Brother, Grande Irmão na versão em português, imagem-símbolo do regime totalitário implantado, e de sua ideologia, o IngSoc. Daí para aquela porcaria chamada aqui no Brasil de BBB, foi um pulo (o programa foi criado pela produtora holandesa de “reality shows” Endemol, e teve seus direitos de exibição adquiridos pela Globo).
Recomendo fortemente a leitura (ou a releitura, como é o meu caso) de 1984, com um olhar clínico e atento. Depois, cabe uma reflexão sincera sobre os rumos que nossa sociedade dita civilizada tem tomado. Você nota uma semelhança de métodos entre o regime do livro e certos governos de determinadas republiquetas, muitas delas tropicais? Para relembrar, e como exemplo didático, cito o próprio personagem principal do livro, Winston Smith, cuja função no Ministério da Verdade era a “retificação” de notícias já publicadas, alteradas de acordo com os interesses do Partido. Também vale lembrar uma das regras do regime nazista: uma mentira contada mil vezes passa a ser encarada como verdade.
Pense bem e responda à Pergunta Básica: esse é o tipo de sociedade na qual você gostaria de viver?

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

As naves precisam de tripulantes

Na Folha:
10/08/2010 - 08h36
Homem precisa abandonar a Terra logo, diz Hawking
DE SÃO PAULO
Eis o destino humano na opinião do físico Stephen Hawking: abandonar a Terra nos próximos 100 anos ou se tornar uma espécie extinta.
"Eu vejo grandes perigos para a raça humana." A solução, diz, é abandonar o planeta e se espalhar pelo espaço.
Em entrevista ao site "Big Think", Hawking disse que existem muitas ameaças atualmente: guerras, a exploração excessiva dos recursos naturais e a quantidade exagerada de gente vivendo no planeta.
Além disso, há outro risco, diz. "Se alienígenas nos visitassem agora, o resultado seria muito parecido com o que aconteceu quando Colombo chegou à América: não foi nada bom para os povos nativos", afirmou ele.
"Esses alienígenas avançados talvez sejam nômades, procurando conquistar e colonizar quaisquer planetas que eles consigam alcançar."
Mas ele se diz otimista. "Fizemos muito progresso nos últimos cem anos. Se quisermos ir além dos próximos cem, o futuro é o espaço."
O problema são as distâncias: a estrela mais próxima da Terra, depois do Sol, está a mais de quatro anos-luz - as espaçonaves atuais levariam 50 mil anos para chegar lá.


Leia o texto original aqui.

Independentemente da existência de alienígenas (você pode até não acreditar neles, mas seria muita presunção do ser humano acreditar que está sozinho, sendo o universo do tamanho que é), e da tecnologia disponível para viagens interestelares (ainda precisamos melhorar muito), tenho uma boa proposta de tripulação para as naves.
Seria uma covardia com o restante do universo, mas certamente seria a solução para boa parte de nossos problemas.
Já adivinharam quem seriam os colonizadores das profundezas do espaço? Não? Pensem um pouco.
Nada, ainda? Está bem. Eu falo: todos os estúpidos deste nosso planeta azul.
Com direito a passagem só de ida, claro!
Só não sei se sobrariam muitos habitantes por aqui...

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Voltei 3

Amigos, voltei.
Fiquei sem postar devido a algumas performances sociais (estamos cada vez mais treinados), e a uma rápida viagem para visitar meu pai (sim, blogueiro também tem pai).
Nos últimos dias a mídia tem destacado casos relacionados à violência no trânsito.
Relato aqui um caso acontecido comigo, que mostra, mais uma vez, que os estúpidos estão querendo dominar o mundo.
Dia e horário: segunda-feira, por volta de 16h30. Muito sol, calor, céu claro com névoa seca, excelente visibilidade.
Local: estrada de pista simples, asfalto não tão bom, acostamento razoável.
Trafego no limite de velocidade da pista, 80 km/h.
Olho no retrovisor e vejo um caminhão, desses de cara chata, azul escuro. Ele está longe, e não me preocupo.
Olho novamente, e ele está um pouco mais perto. Mantenho a velocidade. Em instantes, ele está a poucos metros do meu carro, ameaçador. Sua grade toma completamente o retrovisor.
Contrariando o Código de Trânsito e o limite de velocidade, acelero para tentar me afastar. Não adianta, pois ele está ainda mais próximo. Acelero um pouco mais, e chega uma subida. Ele se afasta. Na próxima descida ele volta a se aproximar demais, quase encostando na traseira do carro.
Sou obrigado a sair para o acostamento para deixá-lo passar, pois o risco de um acidente está muito acima do limite tolerável. Ele quase bate em nosso carro, pois praticamente não esperou que saíssemos completamente da pista e, acelerando ainda mais, segue como se nada tivesse acontecido.
Seu tamanho faz com que seja uma presença a ser "respeitada", pelo menos deve ser o que ele pensa. Eu até pensei em fazer aqui um comentário, segundo o que os psicanalistas costumam afirmar, sobre o tamanho do veículo e sua necessidade de autoafirmação, mas penso ser desnecessário.
Volto para a pista, reduzo a velocidade, com o nível de adrenalina nas alturas, e sigo viagem. Mantenho o olhos nele, que segue bem à frente.
Em outra subida, noto que mais um carro tem que lhe dar passagem, saindo para o acostamento. Ao chegar mais perto, vejo que se trata de uma velha Belina, que não tem potência suficiente em seu motor cansado para aguentar as investidas do potente motor a diesel.
Fico então me perguntando: quantas pessoas mais ele deve ter posto para fora da estrada? Quantas infrações de trânsito ele deve ter cometido em sua triste viagem? Quantos acidentes ele pode ter causado? São esses os chamados "profissionais do volante"? Estaria ele sob o efeito dos famosos "rebites"?
Nessas ocasiões, nunca vemos um policial rodoviário para, ao menos, reclamar desse tipo de conduta imprópria.
São pessoas assim que causam acidentes pelas estradas, devido à sua irresponsabilidade, elevada ao extremo pelo poder que têm nas mãos e no pé direito.
Quando se acidentam e vão sozinhos, só prejudicam a si mesmos.
O problema é que, geralmente, levam outros consigo, que nada têm a ver com seus problemas e com sua estupidez.
E quando morrem, vem então o velório, onde certamente se ouvem conversas parecidas com as que já postei aqui, acrescidos da suprema mentira: "dirigia tão bem...". Se dirigisse tão bem assim, não teria morrido e não teria levado outros consigo.
Até quando teremos que conviver com essas aberrações ao volante que se dizem "motoristas"? Para mim, são verdadeiros moto-terroristas.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O Centenário de um Gigante

Hoje é comemorado o centenário de nascimento de João Rubinato. Ele nasceu em Valinhos/SP, em 6 de agosto de 1910, e morreu em São Paulo/SP, em 23 de novembro de 1982, aos 72 anos.
Foi entregador de marmitas, e tentou ser ator. Devido às frustrações, optou por ser cantor, com alguns insucessos no início da carreira.
Casou-se duas vezes, sendo seu segundo casamento o mais duradouro, com Dona Matilde. Frequentou a noite, como grande boêmio que era.
Nos últimos anos de vida, com o enfisema avançando, e a impossibilidade de sair de casa pela noite, dedica-se a recriar alguns dos espaços mágicos que percorreu na vida. Inventa para si uma pequena arte, com pedaços velhos de lata, de madeira, movidos a eletricidade. São rodas-gigante, trens de ferro, carrosséis. Vários e pequenos objetos da ourivesaria popular – enfeites, cigarreiras, bibelôs... Fiel até o fim à sua escolha, às observações que colhe do cotidiano, cria um mundo mágico. Quando recebe alguma visita em casa, que se admira com os objetos criados por ele, ouve dele que “alguns chamavam aquilo de higiene mental, mas que não passava de higiene de débil mental".

Sabe de quem estou falando? Do grande e inimitável compositor e cantor conhecido por Adoniran Barbosa. Seus maiores intérpretes: os Demônios da Garoa. Um homem que soube captar e retratar a alma paulista em suas músicas.
Alguns de seus sucessos: Saudosa Maloca, Joga a Chave, Samba do Arnesto, As Mariposas, Iracema, Tiro ao Álvaro, Trem das Onze, Pafunça.

Não se fazem mais sambistas como antigamente.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Dia Nacional da Saúde

Efeméride:
5 de agosto - dia nacional da saúde
Segundo a página Corpo e Saúde, do MSN Brasil, você pode adotar 12 hábitos que ajudam a melhorar sua saúde e sua qualidade de vida. Veja os detalhes aqui. Em itálico, meus singelos comentários.

1. Comer melhor; saco vazio não para em pé, mas não necessariamente você deve enchê-lo com porcarias;
2. Durma bem; mas lembre-se de que nem todos os dias você pode ficar na cama até tarde;
3. Mexa-se; um pouco de exercício é bom, mas videogame não é, necessariamente, uma atividade física;
4. Levante-se da cadeira; principalmente se a fila do buffet estiver pequena;
5. De olho na balança; você não quer ser chamado de "rolha de poço", certo? E não me venha com essa conversa de politicamente correto, de que o certo seria horizontalmente avantajado;
6. Controle os nervos; lembre-se: nada de chiliques;
7. Sorria para a vida; ninguém tem culpa se você chutou o pé da cama, ou se pisou no "presentinho" do seu cachorro logo cedo;
8. Respire bem; esqueça aquela conversa de "se você não me comprar um carrinho (antigamente) ou um videogame (atualmente), eu não vou mais respirar. Isso não cola mais";
9. Apague o cigarro; você quer continuar a queimar dinheiro e encher o saco de quem está do seu lado?
10. Cultive bons amigos; essa é difícil, mas vale a pena tentar. Bons amigos estão em falta no mercado. Tranqueira, bem, isso é o que mais tem por aí;
11. Sexo do bem; precisa comentar?
12. Aprenda a gostar de você. Se você não gostar de você mesmo, quem vai gostar? Mãe não vale, pois ela é altamente suspeita. Mas não me venha com essa conversa mole de metrossexual, OK?

A propósito, cabe uma Pergunta Básica: se o dia 5 de agosto é o dia nacional da saúde, e os outros dias? Sexo, drogas e rock'n'roll à vontade?
Brincadeiras à parte, cuidar um pouco da saúde, sem trocadilhos, só vai fazer bem a você e à sua família. A dica vale principalmente para quem já não é mais criança. Nós podemos nos sentir jovens (de espírito), mas sabemos que o tempo passa. Não é só a uva que passa. Pensemos nisso com carinho, e tomemos uma atitude sensata.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O heterônomo, o erro e a humildade

Mais um daqueles posts para pensar.

Extraído do "Poema Em Linha Reta", de Fernando Pessoa, sob o heterônimo de Álvaro de Campos. Preciso separar um tempo para ler mais as obras desse grande autor.

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?


Concordo com o grande poeta. Principalmente quando se fala de alguém que já morreu. Tanto faz se é no velório, ou um bom tempo depois.
- Ah! Era tão bom...
- É verdade... Nunca fez mal a uma mosca.
Não é porque morreu que passa a ser uma pessoa boa, automaticamente. Tudo o que a pessoa fez ou deixou de fazer, falou ou deixou de falar, foi importante e afetou uns e outros, de alguma maneira, ao longo da vida. E, muitas vezes, ficou na memória dos que lhe foram próximos, em algum momento. Sejam lembranças boas, sejam ruins.
Suas ofensas, impropérios, elogios, fotos, atos, palavras, documentos, diplomas, cartas, mensagens (eletrônicas ou não), podem ter levado a boas ou más consequências.
Um projeto mal feito, uma operação mal realizada, uma obturação mal finalizada, uma aula mal dada, uma defesa mal elaborada, um copo ou uma garfada a mais (ou a menos), um beijo roubado, um olhar malicioso, uma fofoca, uma olhada na prova do vizinho...
Pois que atire a primeira pedra quem nunca cometeu um ato passível de reprovação.
Deixemos de ser hipócritas. Conosco, e com os outros.
Sejamos um pouco menos estúpidos e um pouco mais humildes. Aprendamos um pouco com nossos erros. E com os dos outros, também.
Já passou da hora de crescer.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Ser feliz é uma obrigação - em breve, legal

Coluna do Arnaldo Jabor no Estadão de hoje, ácido e preciso como sempre:
A felicidade é uma obrigação de mercado

Seguem dois dos parágrafos:
Antigamente, a felicidade era uma missão a ser cumprida, a conquista de algo maior que nos coroasse de louros; a felicidade demandava "sacrifício". Olhando os retratos antigos, vemos que a felicidade masculina estava ligada à ideia de "dignidade", vitória de um projeto de poder. Vemos os barbudos do século 19 de nariz empinado, perfis de medalha, tirânicos sobre a mulher e os filhos, ocupados em realizar a "felicidade" da família. Mas, quando eu era criança, via em meus parentes, em minha casa, que a tal felicidade era cortada por uma certa tristeza, quase desejada. Já tinha começado o desgaste das famílias nucleares pelo ritmo da modernidade.
Hoje, a felicidade é uma obrigação de mercado. Ser deprimido não é mais "comercial". A infelicidade de hoje é dissimulada pela alegria obrigatória. É impossível ser feliz como nos anúncios de margarina, é impossível ser sexy como nos comerciais de cerveja. Esta "felicidade" infantil da mídia se dá num mundo cheio de tragédias sem solução, como uma "disneylândia" cercada de homens-bomba.


A íntegra da coluna você lê aqui.

Só que não precisamos mais nos preocupar com a tal felicidade, pois tramita no Senado uma Proposta de Emenda à Constituição - PEC para incluir a busca pela felicidade no artigo 6º da Constituição, cujo autor é o Senador Cristovam Buarque (PDT-DF). Veja aqui.
Na Câmara dos Deputados, a Deputada Manuela D'Ávila (PCdoB-RS) está à frente da mobilização pela coleta de assinaturas para que também seja protocolado um pedido de PEC sobre o mesmo tema.
Pergunta básica: para quê, mesmo, duas propostas iguais? Só para depois serem apensadas, uma à outra? Alguém já ouviu falar em desperdício de tempo e de dinheiro? Alguém acredita que isso existe na Banânia?
O site Congresso em Foco tem uma lista de notícias sobre o assunto. Veja aqui.
Quando fiz a busca, agora há pouco, a expressão "PEC da felicidade" mostrou 90.400 entradas no Google.
Os adeptos dessa "importante" inclusão na CF têm até site: http://www.maisfeliz.org/site/, além campanhas em várias mídias. Ah, sim! E muitas adesões dos "famosos" de plantão, prontos para abraçar qualquer maneira de aumentar a exposição. Convenhamos: nem relógio trabalha mais de graça...
Caso seja aprovada, e tem tudo para isso (apoios no Executivo, no Legislativo e no Judiciário, além da chamada sociedade civil), aí sim estaremos garantidos.
Realmente não teremos mais nada com que nos preocupar.
Como já dizia o grande Garrincha, só falta combinar com os russos.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Vida de concurseiro II

Depois de passar no primeiro concurso, a gente fica infectado pelo "vírus concurseiro". E não para mais. Quer sempre aquele outro cargo, que paga mais um pouco, ou tem mais status...
E por isso, depois de lermos os editais, percebemos que temos que conhecer a Constituição (inteira, mais todas as Emendas e o ADCT), as mais variadas leis, os Regimentos Internos, as Súmulas e a jurisprudência...
E as matérias? Direito Constitucional, Direito Administrativo, Direito Tributário, Direito Civil, Direito Penal, Direito Trabalhista, Direito Previdenciário, Direito Ambiental, Português, Inglês, Espanhol, Raciocínio Lógico, Informática, Atualidades, Geografia, História, Auditoria, Contabilidade, Administração, Psicologia, Matemática Financeira, Engenharia Civil, Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica... Ufa!
Chega o grande dia, vem a viagem, o hotel, as provas. Sai o gabarito prévio das provas objetivas, abre-se o prazo para os recursos, vem o gabarito definitivo, a correção das provas discursivas, o prazo para os outros recursos, e o resultado final. Se ninguém entrar na Justiça porque ficou inconformado, sai a tão esperada lista dos aprovados. Segue-se um período terrível de ansiedade, aguardando a nomeação. Se o seu nome não está lá, bem, leia o que se passa no post Vida de Concurseiro I, aqui.
Depois de ver o nome no Diário Oficial, tem que apresentar certidões negativas dos foros cíveis e criminais das justiças federal e estaduais de onde morou nos últimos cinco anos, justiças militares federal e estaduais de onde morou nos últimos cinco anos (para quê, se eu nunca fui militar?), antecedentes criminais das polícias civil e federal, e certidão de que nunca respondeu e foi punido em processo administrativo disciplinar. Todas as certidões não podem ter mais do que seis meses de expedição. E ter registro no respectivo conselho de classe da sua área de formação, além de, obviamente, esta em dia com a anuidade. E estar quite com suas obrigações eleitorais. E cópia da declaração do imposto de renda, de todos os seus documentos pessoais, dos diplomas do segundo grau, da graduação, da pós-graudação, do mestrado e do doutorado... Ufa, ufa!!
E tem mais: exames de sangue (completíssimo, incluindo todas aquelas doenças das quais você só ouviu falar em livros de medicina), de fezes, de urina, sorológico, toxicológico, odontológico, oftalmológico, audiométrico, urológico, gastroenterológico, chapa do pulmão, exame psicotécnico, laudo psicológico, laudo psiquiátrico, eletrocardiograma, eletroencefalograma, fazer exame clínico, teste de aptidão física digno de atleta olímpico, entrevista... Ufa, ufa e mais ufa!!!
E ainda tem o curso de formação (geralmente eliminatório) e o estágio probatório de três anos. Argh!!!!
Enfim, um super-dotado, super-homem e exemplo de retidão de caráter, moral ilibada e ética acima de qualquer suspeita para ser um servidor público. E ganhar um salário, muitas vezes, por volta de R$ 1.500,00 a R$ 2.000,00. E ficar sem correção salarial por anos a fio, vendo a inflação devorar seus rendimentos. E ter que aguentar chefes indicados por políticos, ambos sem qualquer qualificação técnica.
E trabalhar, às vezes, muito mais do que as quarenta horas por semana estipuladas na Constituição, à noite, aos sábados, domingos e feriados, e sem receber horas extras (no máximo, elas vão para o banco de horas, quando implantado). Se precisar viajar, terá que ser sem diária, pois nunca tem verba. O computador é lento, o veículo é velho e está sem manutenção há meses, não há material de escritório, nem de limpeza, a mesa está com o pé quebrado. E ainda por cima será chamado de marajá, de vagabundo, de mal-educado...
E para os cargos eletivos? Às vezes, nem precisa saber ler e escrever direito... Basta ter dinheiro para a campanha. E são eles, os eleitos, que vão fazer as leis, ou vão mandar nos servidores... E vão preencher os cargos comissionados com seus cabos eleitorais, já pensando nas próximas eleições.
Não sei, não... Parece que tem alguma coisa errada nesta história...

O Tesouro e os concursos

Na Folha:
02/08/2010 - 04h00
Tesouro arrecada R$ 75 mi com concursos em 5 meses
DE SÃO PAULO
As taxas de inscrição para concursos públicos viraram fonte de receita para União, Estados e municípios. De janeiro a maio deste ano, só o Tesouro Nacional recebeu R$ 75,6 milhões provenientes da cobrança das taxas, informa reportagem de Elvira Lobato, publicada nesta segunda-feira pela Folha (a íntegra da matéria estava disponível apenas para assinantes do jornal e do UOL, o que não é meu caso).
A última seleção para agentes da Polícia Rodoviária Federal, que está suspensa para a apuração de suspeita de fraude, rendeu ao Tesouro R$ 1,7 milhão de lucro, diz a Fundação Funrio, que aplicou as provas.
Já no exame de seleção do Corpo de Bombeiros do Rio, para 5.000 vagas, R$ 2,7 milhões dos R$ 6,8 milhões arrecadados com as taxas voltaram para o caixa da corporação. O concurso atraiu ao todo 162 mil candidatos.
A primeira exigência dos órgãos públicos ao abrir concursos é não ter despesa com os exames de seleção. Assim, a estimativa de gastos é jogada na taxa. Muitas vezes, o total de inscritos supera a previsão.

O original do texto transcrito acima está aqui.

E pensar que esse dinheiro todo foi arrecadado em apenas 5 meses. Quanto mais será arrecadado ao longo desse ano de 2010?
No post seguinte, vai uma reflexão sobre essa vida de concurseiro.