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quarta-feira, 14 de julho de 2010

Aromas da infância

Tenho a felicidade de poder ir para o trabalho a pé. Meu carro, às vezes, fica dias na garagem, e só o tiramos para ir ao mercado, ou para algum compromisso. Bom para o bolso, e também para o meio ambiente. Coisas de cidade média.
Hoje pela manhã, tempo nublado, aquele friozinho causado pela massa de ar polar da vez, sigo meu caminho habitual. Ao passar por um determinado trecho, sinto um aroma conhecido, cuja lembrança vem desde a infância, na casa de minha avó materna, a saudosa Dona Áurea.
Às 08h00 o aroma das esfirras recém-tiradas do forno se espalhava pela vizinhança.
Reduzi um pouco a marcha para desfrutar daquele prazer repentino, e me lembrar das esfirras abertas que minha avó assava. Era uma daquelas cozinheiras que sabia quase todas as receitas de cabeça, apesar de ter seu livro com as mesmas, bem guardado numa das gavetas da cozinha.
Os aromas são uma parte importante na formação das nossas lembranças. E, na casa de minha avó, isso era particularmente intenso: fogão de lenha, pimenta do reino, café moído na hora, massas feitas em casa, molhos, bolos, pudins, doce de mamão, biscoitos, pães, limão galego, alecrim, uvas colhidas diretamente na parreira, rosas, figos, queijo com goiabada, feijão com folhas de louro, tomates com azeite, doce de abóbora e cheiro de terra molhada.
A vizinhança de minha casa de infância também tinha seus aromas próprios: a fábrica de macarrão, a padaria, a torrefação de café, a fábrica de essências, a sapataria (com uma curiosidade: o sapateiro também era violinista).
Bons tempos que voltam, assim, de repente, quando somos agradavelmente surpreendidos por um aroma familiar. Eu era feliz, e sabia. Sorte que ainda sou.

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