Obrigado pela visita, e volte sempre que quiser!

Pesquisar este blog

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Cena urbana normal?

Manhã de um útil, por volta de 10h00, muito sol, poucas nuvens, temperatura agradável, uma leve brisa. Tudo aparentemente calmo.
Local: área dentro de um Zoológico, muitas árvores, com trânsito restrito por cancela. Portanto, ali circulam eventuais motos, algumas bicicletas, e vários pedestres. Via com paralelepípedos e calçadas planas e largas.
Ao longe, crianças brincando no parquinho ou fazendo um lanche, sob o olhar atento das professoras. Certamente, o passeio ao Zoológico é um acontecimento em suas vidas.
O pedestre caminha tranquilamente pela calçada larga. Aparenta ter uns quarenta anos, mas não se pode ver seu físico ao certo, devido ao casaco jeans.
Uma bicicleta vem em sua direção. Detalhe: o ciclista está sobre a calçada. Portanto, circulando de maneira incorreta. A rua, que seria o seu lugar, está completamente vazia.
O pedestre, ao notar a aproximação, desvia-se para a esquerda da calçada, dando espaço para que o ciclista possa descer da mesma, sem problemas, e continua a caminhar, distraidamente.
A bicicleta desvia-se para a direita, ou seja, diretamente para cima do pedestre. Este para, ligeiramente assustado, com a bicicleta praticamente em cima dele. O ciclista tem a expressão contrariada. O pedestre desvia-se um pouco para a direita e continua andando, balançando a cabeça.
Pilotando a bicicleta, um vovô-garoto. Explico: certamente mais de sessenta, pele bronzeada, metido a esportista, com bermuda térmica e camiseta coladas, demonstrando que os exercícios não têm surtido muito efeito, MP3 ou similar, com fones de ouvido, sem o capacete de ciclista, mas carregando alguns outros apetrechos numa pochete (argh!). Garrafinha de água, talvez? Ou as chaves de casa?
O diálogo:
Ciclista: Direita é direita. E recomeça a pedalar, um pouco zangado, mas sem razão, pois continua sobre a calçada.
Pedestre: E lugar de bicicleta não é na calçada. E volta a andar, irritado, duplamente com razão.
Ciclista: Eu sei. Resposta com ênfase de contrariedade, típica de quem comete o erro mas não quer admitir.
Pedestre: Então... Recomeça a andar e resmunga alguma coisa.
Afastam-se.
Dali a alguns metros, o pedestre nota algo e olha por sobre o ombro. O ciclista começa a dar a volta e ameaça retornar.
O pedestre volta-se, para e fica olhando fixamente o ciclista, braços ao longo do corpo, em atitude de espera. O ciclista olha, hesita, desiste, faz a volta e afasta-se. O pedestre retoma sua caminhada.
De onde vieram? Para onde foram? O estavam pensando, antes e depois do fato?
Fiquei imaginando qual poderia ser o desfecho, se o ciclista tivesse voltado. Pensei, lá com os meus botões: o ciclista estava errado, admitiu (contrariado, claro), e ainda queria "bater boca"? O pedestre falou o que precisava ser dito, mas o ciclista achou-se "no seu direito". Que direito? O de estar errado e de achar que podia mais, por algum motivo imponderável? Seria a influência da pochete?
Observando determinadas cenas urbanas e as atitudes delas advindas, vejo que quem está errado pensa que está certo, e quem está certo, diante de posturas arrogantes, chega até a pensar que está errado.
Cenas assim estão se tornando comuns. Parece-me que algo de muito estranho está acontecendo na nossa “sociedade”.
Estaria a estupidez assumindo o lugar da civilização?
Sinceramente, espero que não. Também espero que a pochete não tenha nada a ver com isso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário