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domingo, 18 de julho de 2010

Boa notícia para quem gosta de livros

Em tempo de escassez de boas notícias, quando uma delas ocorre, deve ser aclamada.
No Globo, hoje. Para ler no original, clique aqui.

Segue o texto da reportagem:

Marcha dos pinguins
Acontecimento do ano no mercado editorial nacional, a parceria entre a Penguin e a Companhia das Letras chega às livrarias

Plantão | Publicada em 18/07/2010 às 07h40m
Miguel Conde
RIO - Daqui a oito dias, na última segunda-feira do mês, o animal mais conhecido do mundo dos livros vai se aboletar em prateleiras por toda parte do país na companhia de uma língua com a qual nunca teve lá muita intimidade: o português. O encontro foi anunciado no ano passado, e os curiosos com o resultado foram tantos que os responsáveis tiveram que rever seus planos. Os primeiros livros da parceria entre a multinacional Penguin e a brasileira Companhia das Letras chegam às livrarias no próximo dia 26 em tiragens entre oito mil e 18 mil exemplares, mais que o triplo dos cinco mil previstos inicialmente, graças às encomendas de livreiros que apostam no interesse em torno do maior acontecimento do mercado editorial nacional em 2010.
A sociedade Penguin-Companhia promete trazer ao Brasil a fórmula que fez da empresa inglesa uma importante marca mundial: livros de qualidade em edições cuidadas, a preços baixos. Uma combinação ainda não muito comum num país em que livros tradicionalmente são um luxo para poucos, e onde as principais editoras ainda começam a investir nas edições de bolso.
A primeira leva é de quatro títulos: "O príncipe", de Maquiavel, ganhou nova tradução direto do italiano por Maurício Santana Dias, e prefácio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (leia trecho na página 2); o romance "Pelos olhos de Maisie", de Henry James, em tradução revista por Paulo Henriques Britto; e as coletâneas, organizadas pelo historiador pernambucano Evaldo Cabral de Mello, "O Brasil holandês", com textos históricos do século XVII, e "Joaquim Nabuco: Essencial", seleção de textos do abolicionista, cuja morte completa cem anos em 2010. Os quatro, como todos os títulos da Penguin-Companhia, serão lançados também em e-books, mas por questões comerciais e tecnológicas por enquanto não serão compatíveis nem com o Kindle nem com o iPad. As obras (que já estão em pré-venda nas principais livrarias brasileiras) terão ainda guias de leitura e aulas na internet, complementos direcionados para o mercado educacional, um grande alvo do selo.
Com preços entre R$ 15 e R$ 35, as edições brasileiras não serão tão baratas quanto os primeiros livros lançados pela Penguin nos anos 30, que custavam o mesmo que um maço de cigarros. Ainda assim, podem preencher uma lacuna, acredita Matinas Suzuki, diretor de comunicação da Companhia e editor do selo:
- Não vejo no Brasil hoje ninguém trabalhando com consistência o mercado de clássicos. O que você tem são, de um lado, edições populares não muito caprichadas, e, de outro, edições de luxo ocasionais. Entre as duas, há um espaço que nós queremos ocupar.
A partir de setembro, ele explica, serão lançados dois livros por mês, num total de 24 no primeiro ano - um terço deles brasileiros, os outros selecionados do enorme catálogo da Penguin. Além dos quatro que sairão agora, oito já estão definidos: "Recordações do escrivão Isaías Caminha", de Lima Barreto, e "Livro da vida", de Santa Teresa d'Ávila, com prefácio de Frei Betto (leia trecho na página 2), em setembro; "Ensaios selecionados", de Montaigne, e "Jorge Amado: Essencial", organizado por Alberto da Costa e Silva, em outubro; "Dez dias que abalaram o mundo", de John Reed, e "O emblema rubro da coragem", de Stephen Crane, em novembro; e "O amante de Lady Chatterley", de D. H. Lawrence, e "Últimos dias: os escritos tardios de Liev Tolstói", em dezembro.
Um dos convidados da próxima Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), onde participará de um debate com o historiador americano Robert Darnton sobre o futuro dos livros, o CEO da Penguin, John Makinson, diz que o Brasil foi escolhido entre outros países da América Latina pelo tamanho de sua população e por ter um público letrado em expansão.
- Antes de entrarmos num novo mercado, consideramos três pré-requisitos. Existe ali potencial de crescimento? Há espaço para edições baratas e bem feitas de livros clássicos? E há um parceiro com o qual possamos trabalhar? O Brasil preenchia todos os campos - afirma.
A Companhia das Letras espera também incluir títulos do seu catálogo na coleção internacional da Penguin. Por enquanto, o único livro brasileiro publicado pela Penguin é "Os sertões", de Euclides da Cunha, dentro da sua série de clássicos. As negociações já estão avançadas, porém, para a publicação em 2012 de três livros de Jorge Amado: "Capitães da areia", "A morte e a morte de Quincas Berro d'Água" e "Terras do sem-fim", que ganhou o título provisório de "Violent lands" (Makinson dá a publicação como certa, mas a Companhia ressalva que o contrato ainda não foi assinado). A diversificação do catálogo faz parte de uma estratégia de expansão comercial, diz Makinson:
- Estamos incorporando livros de outras regiões ao nosso catálogo internacional porque muito do crescimento da nossa indústria nos próximos anos virá dos mercados emergentes.

Para quem gosta de livros, assim como eu, será uma boa oportunidade para adquirir bons títulos, e por preços razoáveis.
As coisas não estão fáceis para ninguém. Para quem estuda, já está difícil. Imagine para quem simplesmente não lê nada. Há pessoas que preferem fazer uma hora de esteira a ler uma simples página. Há espaço para compatibilizar músculos e neurônios. Basta um pouco de vontade.
Sempre relembro Monteiro Lobato: um país se faz com homens e livros.
E aproveito para citar uma campanha que a MTV fez, há algum tempo: desligue a TV e vá ler um livro. Acrescento: depois de ler meu blog, desligue o computador e vá ler um livro.
E você, já leu ao menos um livro neste ano? Ou está muito cansado para isso?

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